O Museu do
Oriente inaugurou a exposição ‘Jóias da Carreira da Índia’, que
exibe cerca de duas centenas de peças, na sua maioria de ouro e prata,
trabalhadas e enriquecidas com gemas, pérolas, marfins e esmaltes de cores
exuberantes, que foram produzidas em diferentes lugares do Oriente e trazidas
para o Reino a bordo das naus da Carreira da Índia. Esta carreira fazia a
ligação anual entre Lisboa e Goa, embora por vezes também se dirigisse a outros
destinos como Cochim, Baçaim ou mesmo Malaca, tendo entrado na História pelo
seu pioneirismo náutico e pelo seu impacto no encontro cultural e económico
entre o Ocidente e o Oriente. A viagem começou a ser estabelecida em finais do
século XV e manteve-se ao longo dos tempos, até ao aparecimento da navegação a
vapor e à abertura do canal do Suez. Cada uma destas viagens demorava cerca de
6 a 8 meses. Na viagem de ida, as naus levavam soldados, religiosos, mercadores
e aventureiros, mas na viagem de regresso, ou torna-viagem, traziam a pimenta da costa do Malabar, a canela do
Ceilão e o cravo das Molucas.
Porém, enquanto o
negócio das especiarias era reservado em exclusivo ao rei de Portugal, muitas
outras mercadorias e objectos raros como as peças de joalharia, “cabiam no
bolso de qualquer viajante”. Essas preciosidades da joalharia oriental –
colares, pendentes, pulseiras, adagas, taças, caixas e outros objectos – alimentavam
a cobiça de muitos indivíduos que as adquiriam para fruição pessoal ou para
serem vendidas em Portugal e na Europa.
A exposição é uma
bela lição de História da Expansão Portuguesa, sendo apoiada por um excelente
catálogo. Pode ser vista até ao dia 26 de Abril de 2015 e constitui um
documento de grande interesse histórico e estético que junta peças de diversas
origens, muitas delas nunca antes expostas.