sábado, 22 de outubro de 2022

O governo de Itália e um incerto futuro

Como consequência das eleições realizadas no dia 25 de Setembro, tomou hoje posse o novo governo italiano chefiado por Giorgia Meloni, que substitui o governo de unidade nacional que foi liderado por Mario Draghi. O novo governo resulta de uma coligação de direita em que se uniram os Fratelli de Italia de Giorgia Meloni, a Forza Italia de Silvio Berlusconi e a Liga Norte de Matteo Salvini, sendo o mais direitista governo italiano desde os tempos de Benito Mussolini e da 2ª Guerra Mundial. Os 24 ministérios serão distribuídos pelos Fratelli de Italia (8), pela Forza Italia (6) e pela Liga Norte (4), havendo seis ministérios que serão ocupados por técnicos. 
A Itália e a Europa interrogam-se sobre o que vai acontecer com esta coligação de uma direita pós-fascista e extremista, com uma direita liberal populista personalizada em Berlusconi e uma extrema-direita regionalista, separatista e anti-europeia representada por Salvini. Embora estes partidos tenham feito grandes ziguezagues ideológicos nos últimos tempos por táctica eleitoral, os seus princípios são nacionalistas, populistas, eurocépticos, anti-emigrantes e anti-federais. A Europa está preocupada.
Este será o 68º governo italiano desde 1946 e pela primeira vez será presidido por uma mulher, mas enfrenta enormes desafios, incluindo uma recessão iminente, uma inflação crescente, o aumento das contas da energia e, sobretudo, a guerra da Ucrânia sobre a qual não parece haver uma posição unânime no governo. 
A Itália que é a terceira maior economia da Zona Euro, pode inaugurar uma nova era de governos de extrema-direita na União Europeia, mas vai certamente introduzir muita incerteza na vida política europeia num futuro próximo. O jornal romano La Repubblica destaca hoje o título Meloni, patria e famiglia, que nos remete para ideologias de tipo fascizante.