segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

A corrida vai começar!

O jornal digital Dinheiro Vivo noticiou hoje que se inicia esta semana “a corrida aos mais de 400 lugares em aberto nos órgãos sociais do gigante que é o grupo Águas de Portugal (AdP)”, uma vez que lhe compete a nomeação dos novos administradores das empresas gestoras dos sistemas multimunicipais.
Segundo o referido jornal, das 32 empresas cujos relatórios e contas estão disponíveis, há 374 lugares dirigentes para nomear, ou mesmo mais. Entre remunerações e outras prestações acessórias, como carro, combustível, telefones, cartões de crédito e outras benesses a que terão direito, os futuros administradores custarão 8,3 milhões de euros por ano. Esta corrida começou há algumas semanas quando o Presidente da Câmara Municipal do Fundão, que é arguido num processo por uma dívida de 7.5 milhões de euros à AdP, foi escolhido como um dos novos administradores da mesma AdP, onde terá um salário de cerca de 150 mil euros anuais.
E agora, como será? Será que o Frexes-administrador da AdP vai exigir os 7.5 milhões de euros ao Frexes-autarca do Fundão? Esperemos para ver!
Entretanto, na passada semana (Expresso de 21 de Janeiro), num excelente artigo inserido na sua coluna Pluma Caprichosa e com base na informação de que havia 30 lugares disponíveis para distribuir cargos de administração "no mundo das Águas", Clara Ferreira Alves veio chamar a atenção benemérita da Dra. Cristas para que lhe concedesse um desses lugares. E salientava com sarcasmo: 30 lugares. É muito lugar. Lembrei-me de mim.
Afinal parece que não são três dezenas, mas serão quase quatro centenas de bons lugares a conquistar. Um apetitoso petisco para as pequenas e médias clientelas.
A corrida vai começar!

Teia de mais custos e de menos benefícios

Um amigo fez-me chegar uma extensa lista de pessoas que, directa ou indirectamente, receberam ou recebem avultadas quantias pagas pelo Estado, o mesmo Estado que nos encarcera numa teia com mais custos e menos benefícios, mas também de mais sacrifícios e de menos esperança.
São mais de três centenas de homens e mulheres que estão classificados como políticos ou como gestores. Foram ou são ministros, secretários de Estado, deputados, vereadores, presidentes disto e daquilo, entre muitas outras coisas. Têm rendimentos pagos pelo erário público verdadeiramente absurdos, entre salários, prémios de gestão, subsídios de reintegração, subsídios vitalícios, despesas de representação e outras mordomias. Muitas vezes conservam carro com motorista, cartão de crédito, gabinetes, telefones e sabe-se lá mais o quê.
São estas pessoas que têm gerido o país e que o conduziram ao estado a que chegou. Com quase absoluta impunidade. Alguns deles são respeitáveis pessoas e têm a noção de serviço público e de bem comum. Porém, a maioria não têm currículos académicos nem prestou serviços ao país que os recomendassem para esses cargos, antes pelo contrário. Não se lhes conhecem atitudes íntegras, nem decisões corajosas. Têm vivido encostados a qualquer coisa. Subiram à custa de uma repugnante viscosidade pessoal a que, por vezes, juntaram a legitimidade de um voto popular provavelmente pouco esclarecido. Alguns andam nisto há quase quarenta anos e ninguém os trava. Sempre a sacar!
E chegamos ao paradoxo máximo desta situação: o Presidente da República prescindiu do seu salário porque prefere as reformas - 10.042 euros, correspondentes às pensões de professor catedrático e de reformado do Banco de Portugal - ao mesmo tempo que a Presidente da Assembleia da República – reformada aos 42 anos de idade com 7.255,51 euros – também optou pela sua reforma.
Nem mesmo em Boliqueime ou em Valpaços serão compreendidos estes exemplos!