Um amigo fez-me chegar uma extensa lista de pessoas que, directa ou indirectamente, receberam ou recebem avultadas quantias pagas pelo Estado, o mesmo Estado que nos encarcera numa teia com mais custos e menos benefícios, mas também de mais sacrifícios e de menos esperança.
São mais de três centenas de homens e mulheres que estão classificados como políticos ou como gestores. Foram ou são ministros, secretários de Estado, deputados, vereadores, presidentes disto e daquilo, entre muitas outras coisas. Têm rendimentos pagos pelo erário público verdadeiramente absurdos, entre salários, prémios de gestão, subsídios de reintegração, subsídios vitalícios, despesas de representação e outras mordomias. Muitas vezes conservam carro com motorista, cartão de crédito, gabinetes, telefones e sabe-se lá mais o quê.
São estas pessoas que têm gerido o país e que o conduziram ao estado a que chegou. Com quase absoluta impunidade. Alguns deles são respeitáveis pessoas e têm a noção de serviço público e de bem comum. Porém, a maioria não têm currículos académicos nem prestou serviços ao país que os recomendassem para esses cargos, antes pelo contrário. Não se lhes conhecem atitudes íntegras, nem decisões corajosas. Têm vivido encostados a qualquer coisa. Subiram à custa de uma repugnante viscosidade pessoal a que, por vezes, juntaram a legitimidade de um voto popular provavelmente pouco esclarecido. Alguns andam nisto há quase quarenta anos e ninguém os trava. Sempre a sacar!
E chegamos ao paradoxo máximo desta situação: o Presidente da República prescindiu do seu salário porque prefere as reformas - 10.042 euros, correspondentes às pensões de professor catedrático e de reformado do Banco de Portugal - ao mesmo tempo que a Presidente da Assembleia da República – reformada aos 42 anos de idade com 7.255,51 euros – também optou pela sua reforma.
Nem mesmo em Boliqueime ou em Valpaços serão compreendidos estes exemplos!
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