No passado dia 29
de Outubro o território da Comunidade Valenciana, sobretudo os arredores de Valência e a
própria cidade, foram atingidas por um violento temporal com uma pluviosidade
extrema e, em apenas oito horas, choveu o equivalente a um ano, dando origem a
inundações que se revelaram catastróficas. Em 69 municípios da comunidade, a
água e a lama inundaram as casas e as ruas, destruíram infraestruturas e
arrastaram centenas de viaturas, provocando ainda 225 mortes e um número ainda
indeterminado de desaparecidos.
Em 1957 tinha
acontecido a Gran Riada de Valencia,
que também foi catastrófica e provocou muitas mortes, levando o governo do
general Franco a avançar com um megaprojecto denominado Proyeto Sur, que “retirou” o leito do rio Turia do centro da
cidade, o que agora se revelou importante pois poupou o centro urbano dos efeitos das inundações e das enxurradas de lamas.
Toda a gente
atribuíu a catástrofe ao efeito das alterações climáticas. Porém, a construção
de edifícios, autoestradas e outras infraestruturas nos arredores da cidade,
muitas vezes sem qualquer planeamento e sob o efeito da especulação
imibiliária, contribuíram para a impermeabilização de extensas áreas urbanas, o
que agravou a situação de calamidade, pois as águas pluviais não foram retidas
pelos solos.
Cerca de dois
meses depois o diário Las Provincias que se publica em
Valência, evoca na sua edição de hoje a catástrofe de Outubro e publica uma
impressionante fotografia de centenas de automóveis destruídos pelo temporal,
escolhendo como título “um tsumani de sucata”.
A imagem é
impressionante e aqui está como, muitas vezes, uma imagem vale mais que mil palavras.