terça-feira, 22 de agosto de 2017

O Donald deve ter contagiado a US Navy

Nos últimos meses a Marinha americana tem enfrentado demasiadas ocorrências o que, naturalmente, enerva Donald Trump que tanto elogiara a sua US Navy durante a sua campanha eleitoral. A hipótese das asneiras do Donald terem contagiado a US Navy tem todo o sentido.
Ontem, no estreito de Malaca e nas proximidades de Singapura, o destroyer USS John S. McCain (DDG-56), que integra a 7ª Esquadra dos Estados Unidos e tem a sua base em Yokosuka, esteve envolvido numa colisão com o petroleiro Alnic MC de bandeira liberiana, daí resultando 10 desaparecidos e 5 feridos no navio americano. O incidente vem hoje relatado com grande destaque no diário The Straits Times de Singapura, mas também em alguns jornais dos países do sueste da Ásia, exibindo a foto do navio nas primeiras páginas.
Donald Trump reagiu a este acidente visivelmente incomodado e limitou-se a dizer que “era muito mau”. De facto, a US Navy vem acumulando incidentes nas águas da Ásia Oriental e, desde Janeiro, já se verificaram quatro ocorrências graves com navios americanos.
Dois meses antes da colisão do USS John S. McCain, também o USS Fitzgerald (DDG-62) colidiu no dia 17 de Junho nas costas do Japão com o porta-contentores filipino ACX Crystal, daí resultando 7 mortes e 3 feridos entre os tripulantes do destroyer americano.
No dia 9 de Maio foi um pesqueiro sul-coreano que colidiu em águas internacionais com o cruzador USS Lake Champlain (CG-54), embora não se tivessem verificado quaisquer baixas. Finalmente, nesta preocupante sequência, quando estava fundeado na baía de Tóquio, no dia 31 de Janeiro, o cruzador USS Antietam (CG-54) não aguentou os ventos de 30 nós, garrou e foi embater em alguns rochedos submersos e quase encalhou, acabando por se safar, embora com graves danos nos seus hélices e com o derrame de grande quantidade de óleos lubrificantes.
Não era habitual que a US Navy tivesse tantas ocorrências destas. Será que a incompetência do Donald, que é o seu comandante-chefe, contagiou a US Navy?

As nossas televisões são irresponsáveis?

As nossas televisões estão no mercado e em acesa concorrência entre si, independentemente do seu estatuto empresarial ser público ou privado. Lutam por audiências para comerem uma fatia maior do bolo publicitário e usam o sensacionalismo noticioso de uma forma pouco jornalística. Não informam com serenidade e rigor. Usam linguagens e imagens panfletárias para despertar a atenção como se tratasse de um produto comercial. Não distinguem informação de entretenimento. E insistem “não mude de canal”, “fique por aí”, não perca”.
As nossas televisões estão ao nível do que pior se vê nas televisões que nos chegam por assinatura. São uma lástima e um atentado à inteligência das pessoas, com as manhãs cheias de conversas populistas e desinteressantes, com as tardes ocupadas com uma pimbalhada que assusta e com as noites preenchidas por intermináveis debates sobre futebol.
O serviço público de televisão não existe ou parece uma caricatura. Nas nossas televisões dominam os profissionais de segunda categoria, os entertainers e o serviço noticioso está entregue a estagiários, muitas vezes sem qualificação. O direito constitucional a ser informado é subalternizado pela lógica da repetição continuada de peças apresentada por correspondentes locais pouco preparados. Chegou-se ao paradoxo e ao ridículo do canal público anunciar e apresentar uma entrevista a um presumível assassino, em que a jornalista quis fazer espectáculo e branquear o entrevistado, sem que nada lhe acontecesse.
A obrigação de formar e de informar o público é ultrapassada sem escrúpulos e, no caso dos incêndios florestais, tal como nas operações contra o terrorismo, as televisões e os seus responsáveis editoriais parecem tomar o partido dos incendiários e dos terroristas, porque objectivamente promovem as suas acções através das imagens que divulgam e da repetição com que as transmitem. O que tem sido feito nas nossas televisões não é jornalismo. A irresponsabilidade desta gente é mesmo muito grande!  
Hoje o jornal i recuperou na sua primeira página uma declaração da antiga primeira-ministra britânica Margareth Thatcher sobre esse assunto, que mantém a sua actualidade e que bem poderia servir para iluminar a inteligência de quem faz notícias, de quem as edita e até de quem as apresenta como se fosse um espectáculo.

A América merecia um Presidente melhor

No dia 20 de Janeiro de 2017 Donald Trump tomou posse como o 45º Presidente dos Estados Unidos e, segundo informam diversos registos, é o primeiro cidadão americano que sem qualquer experiência política anterior atingiu a presidência, sendo também o mais velho e o mais rico a assumir tão importante cargo.
A sua inexperiência política, associada às suas peculiares características psicológicas, têm feito do Donald um problema para a política americana, mas também um perigo para o mundo. Nos sete meses de mandato que já cumpriu, o Donald tem acumulado tantos disparates que a sua acção se tornou, interna e internacionalmente, um motivo de chacota. De forma irresponsável meteu na Casa Branca os filhos e os amigos dos filhos, criando um círculo de assessores impreparados, que gera instabilidade e provoca demissões sobre demissões. As ameaças que fez a Kim Jong-un e a Nicolás Maduro cobriram-no de ridículo e colocaram-no ao nível mais baixo da política internacional. A Europa, apesar dos tempos de crise e de incerteza que atravessa, ri-se à gargalhada do Donald. A sua popularidade na sociedade americana desceu a níveis impensáveis e são cada vez menos aqueles que o apoiam até no seu próprio partido. A América merecia melhor. A América merecia alguém que gerasse o respeito do mundo. A América não merece alguém que é motivo de troça universal.
A tolerância dos mass media parece ter terminado e as críticas ao Donald sobem de tom. As grandes revistas internacionais escolheram o Donald como alvo e as suas caricaturas ocupam as primeiras páginas. Agora foi a nova-iorquina Newsweek, considerada a mais liberal das grandes revistas americanas e que está integrada no grupo do Washington Post, que vem ridicularizar o Donald ao perguntar ao leitor se está pronto para a guerra, ao mesmo tempo que também pergunta se os generais americanos podem salvar a América e o mundo deste Trump. A fotomontagem da capa é um bom exemplo da apreciada frase que diz que uma imagem vale mais do que mil palavras.