sexta-feira, 1 de maio de 2020

A maior calamidade está em Nova Iorque

Nos Estados Unidos contabilizaram-se hoje 1.122.866 pessoas já infectadas com covid-19 e 65.397 óbitos devidos ao mesmo vírus, enquanto no estado de Nova Iorque estão registadas 313.855 pessoas infectadas (28% do total do país) e o número de óbitos atinge 24.069 (37% do total do país). Estes números mostram como os Estados Unidos e o estado de Nova Iorque estão no centro desta tempestade a que nenhum país tem escapado. Se comparamos os 24.069 óbitos que já aconteceram no estado de Nova Iorque, que tem cerca de 20 milhões de habitantes, com os números do que se passa em todo o mundo, verificamos que a calamidade nova-iorquina é muito mais grave do que aquela que atinge os maiores países europeus que são muito mais populosos, como a Itália (27.967 óbitos), o Reino Unido (26.771 óbitos), a Espanha (24.543 óbitos) e a França (24.376 óbitos).
Hoje, o Daily News e outros jornais do estado de Nova Iorque anunciaram que, pela primeira vez na história de 115 anos do New York City Subway, vai ser interrompida durante a noite a circulação nas suas 36 linhas e 472 estações, para que se proceda a uma limpeza geral de desinfecção anti-vírus, pois pensa-se que o transporte diário de mais de 5 milhões de passageiros torna o metropolitano nova-iorquino um dos principais focos de propagação da epidemia de covid-19. Porém, é de lamentar que as autoridades estaduais tenham demorado tanto tempo para perceber que o metropolitano era o mais provável agente de contágio e para se decidirem por esta iniciativa sanitária, o que mostra como na nação mais poderosa do mundo há demasiadas fraquezas.

A crise aeronáutica e a retoma da Airbus

O jornal regional La Dépêche du Midi que se publica em Toulouse, a cidade do sul da França que é o mais importante centro de produção aeronáutico da Airbus, dedicou a sua última edição à crise por que passa o sector, numa época em que não há novas encomendas, em que muitos milhares de aviões estão parados e em que as companhias de aviação têm as suas finanças arruinadas por não terem receitas.
Ainda não se avista a luz ao fundo do túnel no que respeita à normalização da actividade aeronáutica mundial e, naturalmente, há uma absoluta incerteza quanto à retoma da produção industrial de aeronaves, porque não há nem vai haver procura nos tempos mais próximos. A Airbus passa por tempos difíceis e a cidade que “vive” da Airbus está verdadeiramente assustada, porque o desemprego é o cenário mais provável em todas as áreas industriais que participam na produção aeronáutica, bem como nas áreas que indirectamente lhe estão ligadas. O que se aproxima da cidade de Toulouse pode ser uma calamidade social e o principal jornal da cidade pergunta mesmo se a Airbus tem condições para descolar, pois não se antevê procura que possa dinamizar a capacidade de produção instalada e ocupar a força de trabalho que está ligada ao grupo.
É um desafio enorme que só começará a ser resolvido quando as companhias aéreas recuperarem os seus negócios ou quando os passageiros voltarem a encher os aviões, mas quando isso acontecer pode já ser tarde. Por isso, a cidade de Toulouse vive angustiada.