terça-feira, 22 de julho de 2014

Os nossos governantes são globetrotters

Sunset numa praia do Sri Lanka
Os tempos estivais despertam desejos irresistíveis na generalidade dos portugueses, empurrando-os para férias mais ou menos merecidas, em destinos mais ou menos exóticos. Assim, os nossos aeroportos enchem-se de portugueses que escolheram os cruzeiros de luxo mediterrânicos ou nórdicos, que querem pacatamente conhecer os circuitos das capitais europeias, que aspiram às areias douradas das praias caboverdeanas ou brasileiras e, para os menos abonados ou menos exigentes, que realizam o sonho de conhecer Cancún, Punta Cana, Varadero, Santo Domingo e destinos similares. O gosto por férias em lugares exóticos enraizou-se nos portugueses.
Logicamente, porque são portugueses, os nossos governantes alinham pela mesma lógica. Gostam de viajar e viajam muito. Não falham uma. Vão a todo o lado e mais algum, deslumbrados por voarem em 1ª classe e ficarem instalados em hotéis de 5 estrelas. Levam sempre consigo uma comitiva cortesã e gostam de ser recebidos com muitos salamaleques, incluindo carro de luxo com motorista fardado. Obviamente, viajam pelo interesse nacional. Umas vezes porque vão assinar um protocolo. Outras vezes porque vão visitar uma exposição. Outras vezes porque vão conhecer os portugueses da diáspora. Outras, ainda, porque vão participar numa conferência. Sempre no interesse nacional. Sempre a aumentar o défice e a dívida pública. Sempre, sem que se saibam os resultados dessas viagens.
Nos últimos dias tivemos o Presidente da República na Coreia do Sul e o Primeiro Ministro no Sri Lanka, ambos a caminho de Timor Leste. O irrevogável vice-primeiro ministro foi, pela terceira vez consecutiva,  a uma feira em Luanda. Há alguns ministros, secretários de Estado e deputados a voar, naturalmente para tratar do interesse nacional. Sempre a gastar dos meus impostos.
Então, eu não posso deixar de perguntar: quem é que tem vivido e continua a viver acima das suas possibilidades?
Tenham vergonha!