No dia 26 de
Outubro a Assembleia Geral das Nações Unidas
aprovou uma Resolução que pede o fim do embargo económico a Cuba, com 191 votos
a favor, nenhum voto contra e duas abstenções (Estados Unidos e Israel). Foi um
grande acontecimento político para Cuba e para o mundo, pois foi a 25ª vez
consecutiva que foi analisada uma Resolução com igual conteúdo, o que significa
que a questão do fim do embargo a Cuba já era assunto velho e que a teimosia
americana anti-castrista já não se justificava.
Curiosamente ou não, no mesmo dia chegava a Cuba o
Presidente da República Portuguesa para uma visita oficial e, embora com
destaques bem diferentes, esses dois acontecimentos são destacados pelo Granma,
o “órgano oficial del Comité Central del Partido Comunista de Cuba”.
Granma é o nome do pequeno iate que em 1956 transportou Fidel
de Castro e os seus companheiros desde o México até às praias do sopé da Sierra
Maestra, de onde foi iniciada a caminhada revolucionária até Havana, que veio a
ser ocupada no dia 2 de Janeiro de 1959 pelas forças de Che Guevara e de Camilo
Cienfuegos. É, por isso, um nome cheio de simbolismo para a revolução cubana,
que durante muitos anos desafiou a América Latina e, em certa medida, os
próprios Estados Unidos. Porém, as mudanças acontecidas no mundo também
influenciaram o regime cubano e, aos poucos, o país caminha para a Democracia.
Com esta visita a Cuba o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa voltou a mostrar a sua
sensibilidade cultural e o sua compreensão do processo histórico cubano, em absoluto
contraste com o seu antecessor. Esteve em Cuba sem receio de apanhar caspa ou
contrair qualquer constipação, esteve com Fidel de Castro mais de uma hora, teve
conversações com Raúl de Castro, proferiu uma conferência na Universidade de
Havana, recebeu a comunidade lusófona na Embaixada de Portugal, inaugurou
exposições e participou em fóruns empresariais. Levou Cultura e Economia na
bagagem, mas também levou consigo a Política de apaziguamento, o não seguidismo
em relação aos interesses americanos e, quem sabe, se não levou também algum
sentimento emocional por se encontrar face a face com alguns dos símbolos das
lutas que tanto entusiasmaram a sua geração por todo o mundo e que se
traduziram na utopia guevarista. Mais uma chapelada a Marcelo Rebelo de Sousa!