sábado, 26 de novembro de 2022

Quem ganha com a guerra na Ucrânia?

A guerra na Ucrânia dura há nove meses e, portanto, há nove meses que aqui defendemos que é necessário um cessar-fogo que conduza à paz. O sofrimento do povo ucraniano é agora mais visível, não só na enorme destruição do seu património urbano, nos seus milhões de refugiados e na sua economia que está paralisada, mas também no frio e na escuridão que se abateu sobre as suas cidades.
O cidadão comum já tem dúvidas sobre quem quer e quem não quer a paz, porque a generalidade dos actores deste conflito, incluindo a generalidade dos especialistas e dos comentadores, parece apenas apostar em mísseis e mais mísseis. Nesse contexto, a edição especial da prestigiada revista francesa L’Express que ontem começou a circular sob o título Les Etats-Unis, grands gagnants de la guerre en Ukraine, aparenta ser um documento importante para compreender a situação.
Segundo a referida revista, o apoio americano à Ucrânia tornou os Estados Unidos o vencedor desta guerra, apesar de nem um só soldado americano ter pisado o solo ucraniano, escrevendo ainda que “os Estados Unidos nunca perdem a oportunidade de uma guerra para promover os seus interesses económicos” e acrescentando que é a hora da Europa “s'en aperçoive, et réagisse”, isto é, perceber e reagir. No armamento, no gás, nos cereais, na Nato… os americanos são os grandes ganhadores na guerra da Ucrânia, mas há outros vencedores, como a Argélia, a Turquia, a Coreia do Sul e o Canadá que “esfregam as mãos” pelos lucros inesperados que a guerra lhes trouxe com os hidrocarbonetos, o trigo ou a mediação. A revista ainda revela como os príncipes do Golfo se tornaram os novos reis do mundo e aborda a indústria francesa do armamento que desejaria ter uma intervenção mais activa.
Teremos de procurar a revista para a ler e para saber mais sobre quem ganha com a guerra, porque já sabemos que quem perde é o povo ucraniano e que, por tabela, também perdem os europeus que tendem a tornar-se cada vez mais irrelevantes.