sábado, 20 de janeiro de 2024

Golos com os pés e... golos com as mãos

A selecção nacional de andebol está a disputar o Men’s EHF Euro 2004 Handball, ou Campeonato da Europa de Andebol Masculino, que está a decorrer em várias cidades da Alemanha. Na fase preliminar a equipa portuguesa derrotou a Grécia por 31-24 e a República Checa por 30-27, tendo perdido com a Dinamarca. Foi uma das doze equipas que passou à main round e, nesta fase, começou por bater a Noruega por 37-32, tendo ontem derrotado a equipa da Eslovénia por 33-30. Ainda vai defrontar a Suécia e os Países Baixos, mas está bem colocada para atingir as finais a disputar em Colónia e com boas possibilidades para se apurar para os Jogos Olímpicos de Paris, o que seria um feito inédito.
Os jogos da selecção nacional têm sido transmitidos pela RTP2 e têm constituído excelentes espectáculos televisivos, para além de suscitarem o entusiasmo dos adeptos desportivos, porque não é habitual que o nosso desporto tenha tão boas prestações internacionais.
Depois da excelência da exibição de ontem frente à Eslovénia, à qual a selecção nacional não ganhava há treze anos, fiquei na expectativa de ver essa tão invulgar notícia desportiva plasmada na nossa imprensa generalista e, em especial, na imprensa desportiva. Puro engano. Só os jornais desportivos fazem uma discreta referência de primeira página ao resultado do jogo com a Eslovénia. No caso do jornal A Bola, que se afirma “jornal de todos os desportos”, todo o destaque vai para um jogador argentino e outro brasileiro que marcaram os golos com que o Benfica ganhou ao Boavista, mas os seus concorrentes seguem o mesmo caminho nas suas linhas editoriais.
Alguém imaginava que um jogo de futebol entre o Benfica e o Boavista pudesse merecer mais destaque noticioso que uma brilhante vitória num jogo de andebol entre Portugal e a Eslovénia? Será que os golos com os pés valem mais do que os golos com as mãos?
Os jornais e os jornalistas são mesmo um mundo muito estranho!

O possível regresso de Trump e o futuro

Os resultados das eleições primárias no estado de Iowa parecem ter alarmado o mundo e há quem afirme que Donald Trump irá assegurar rapidamente a sua nomeação como candidato do Partido Republicano às eleições presidenciais americanas do próximo dia 5 de Novembro. Em paralelo, as sondagens que vão sendo conhecidas indicam que ele vai à frente na corrida presidencial e, portanto, começa a desenhar-se o regresso de Donald Trump à Casa Branca. Perante este quadro, a edição de hoje do semanário alemão Der Spiegel, que é uma das maiores revistas europeias, não hesita em apresentá-lo como o favorito dos americanos, mas também como um ditador.
A ser assim, a América e o mundo vão mudar muito e aproximam-se tempos muito difíceis, havendo quem os classifique como tempos perigosos. Diz-se que Putin e Netanyahu estão a deixar correr o tempo à espera que Trump regresse, enquanto se vão calar as vozes que apostavam na solidariedade americana para resolver os problemas europeus, como sucede com Ursula von der Leyen, Jens Stoltenberg e todos os que passam o tempo a falar em guerra e nunca falam em paz.
Perante o cenário que se vai desenhando do outro lado do Atlântico, bom seria que a Europa se preparasse para o que de lá pode vir, reforçando-se nas eleições europeias de 6 a 9 de Junho, mas também nas eleições nacionais que vão acontecer em vários países.
O regresso de Donald Trump, se vier a acontecer, é realmente um perigo para a democracia e uma ameaça para a Europa, mas pode ser uma oportunidade para que o Velho Continente repense o seu papel no mundo, para que recupere a sua própria voz na cena internacional e, sobretudo, para que cuide melhor do bem-estar dos europeus.