domingo, 29 de março de 2020

A pandemia, a ignorância e a insensatez

O respeitável jornal Açoriano Oriental, que se publica desde 1835 e que é o mais antigo jornal em circulação em Portugal e um dos dez mais antigos jornais de todo o mundo em publicação contínua, regular e com o mesmo nome, destaca na sua edição de hoje uma notícia surpreendente: há açorianos a exigir voos para irem de férias!
Uma das primeiras medidas tomadas pelo Governo Regional dos Açores para diminuir os riscos de contágio da pandemia de covid-19 foi a limitação das ligações aéreas e marítimas entre as ilhas ao que fosse considerado essencial e necessário. Numa primeira fase as pessoas contiveram-se, mas com o passar dos dias começaram a acumular-se os pedidos para fazer deslocações, que cada um entendia serem de “força maior”. Na sequência de algumas deslocações que foram autorizadas a título excepcional, aconteceu o insólito, quando começaram a surgir exigências para que houvesse voos para fazer férias. Naturalmente, a Autoridade de Saúde Regional reagiu com firmeza e denunciou o desplante destas exigências.
Porém, este caso não é único, como revelou recentemente o Diário de Notícias ao noticiar que, na habitual conferência de imprensa do Ministério da Saúde e da Direcção Geral da Saúde, um jornalista quis saber por que razão "alguns hospitais e maternidades estão a impedir as grávidas de levar consigo acompanhantes para a sala de parto". Lamentavelmente, alguns casos como estes, que revelam ignorância, insensatez e irresponsabilidade, têm a cobertura de alguns orgãos da nossa pobre Comunicação Social que, quotidianamente, muito faz para nos deprimir em vez de nos transmitir confiança.