Uma das mais valiosas estátuas gregas que se encontram no British Museum
foi emprestada à Rússia para ser exposta no State Hermitage Museum em São
Petersburgo, por ocasião da celebração do seu 250º aniversário, aí permanecendo
até ao dia 18 de Janeiro. A estátua que representa um homem deitado e sem
cabeça que simboliza Ilissos, o deus dos ríos, será a peça central de uma exposição de
antiguidades que, mesmo antes de ser revelada ao público, já é considerada
excepcional.
Essa estátua foi retirada do Parténon em 1806 por Thomas Bruce, Lord Elgin,
que então era o embaixador britânico junto do Império Otomano que na época
dominava a península grega. Graças às suas boas relações com o sultão, Lord
Elgin foi autorizado a remover do Parténon e levar para Londres muitos dos seus
mármores. Esse conjunto é conhecido como “mármores Elgin” ou “colecção Elgin” e
é a primeira vez que uma das suas peças sai do território britânico.
Segundo a edição de hoje do jornal londrino The Times, que destacou
este assunto na sua primeira página, o primeiro-ministro grego Antonis Samaras
reagiu “with fury to news that the British Museum has loaned part of the Elgin
Marbles to Russia, describing it as un affront to the Greek people”. A partir
de 1983, pela voz da Ministra da Cultura Melina Mercouri, a Grécia passou a reivindicar
a devolução da colecção Elgin mas as autoridades britânicas sempre argumentaram
que as estátuas não deviam ser removidas do local onde se encontravam, o que
agora se viu não era um argumento válido. Para tratar da devolução da colecção
Elgin, o governo contratou a advogada Amal Alamuddin que recentemente se casou
com o actor americano George Clooney.
Este caso assemelha-se a muitas outras situações de “pilhagem de bens
culturais”, feitos pelos países europeus um pouco por todo o mundo, mas também
nos recorda que muito do nosso património cultural móvel foi pilhado pelos
espanhóis entre 1580 e 1640, pelos franceses durante as invasões napoleónicas e, sempre,
por alguns portugueses.