sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

A arte grega em viagem para a Rússia

Uma das mais valiosas estátuas gregas que se encontram no British Museum foi emprestada à Rússia para ser exposta no State Hermitage Museum em São Petersburgo, por ocasião da celebração do seu 250º aniversário, aí permanecendo até ao dia 18 de Janeiro. A estátua que representa um homem deitado e sem cabeça que simboliza Ilissos, o deus dos ríos, será a peça central de uma exposição de antiguidades que, mesmo antes de ser revelada ao público, já é considerada excepcional.
Essa estátua foi retirada do Parténon em 1806 por Thomas Bruce, Lord Elgin, que então era o embaixador britânico junto do Império Otomano que na época dominava a península grega. Graças às suas boas relações com o sultão, Lord Elgin foi autorizado a remover do Parténon e levar para Londres muitos dos seus mármores. Esse conjunto é conhecido como “mármores Elgin” ou “colecção Elgin” e é a primeira vez que uma das suas peças sai do território britânico. 
Segundo a edição de hoje do jornal londrino The Times, que destacou este assunto na sua primeira página, o primeiro-ministro grego Antonis Samaras reagiu “with fury to news that the British Museum has loaned part of the Elgin Marbles to Russia, describing it as un affront to the Greek people”. A partir de 1983, pela voz da Ministra da Cultura Melina Mercouri, a Grécia passou a reivindicar a devolução da colecção Elgin mas as autoridades britânicas sempre argumentaram que as estátuas não deviam ser removidas do local onde se encontravam, o que agora se viu não era um argumento válido. Para tratar da devolução da colecção Elgin, o governo contratou a advogada Amal Alamuddin que recentemente se casou com o actor americano George Clooney.
Este caso assemelha-se a muitas outras situações de “pilhagem de bens culturais”, feitos pelos países europeus um pouco por todo o mundo, mas também nos recorda que muito do nosso património cultural móvel foi pilhado pelos espanhóis entre 1580 e 1640, pelos franceses durante as invasões napoleónicas e, sempre, por alguns portugueses.