A descolonização
e a partilha da Índia Inglesa aconteceu em 1947 e dela resultou a criação da
Índia e do Paquistão como Estados independentes, numa separação em que o factor
religioso foi dominante. Porém, a partilha dessa região do Império Britânico não
ficou bem resolvida e, desde então, os muçulmanos de Islamabad e os hindus de
Nova Delhi já se envolveram em quatro guerras em 1947, 1965, 1971 e 1999, embora
esses conflitos tenham sido sempre muito localizados.
A rivalidade
indo-paquistanesa não é só religiosa mas também é política, pois resulta das
suas discordâncias em relação ao território de Jammu e Caxemira, que é considerado
o lugar mais perigoso ou a fronteira mais perigosa do mundo, daí resultando a
presença da UN Military Observer Group in
India and Pakistan (UNMOGIP), que desde 1949 observa o que se passa e
procura dissuadir aqueles países de se envolverem em acções militares. Ambos os
países reivindicam essa região, a China não se mostra desinteressada e há os
movimentos locais independentistas.
Os atritos e as
incursões são frequentes e geram tensões que, muitas vezes, tendem para a
escalada. Assim tem acontecido nos últimos dias, como tem sido noticiado por
alguma imprensa internacional, o que já levou as Nações Unidas a recomendar
moderação aos dois países que, como se sabe, dispõem de armamento nuclear.
Embora a imprensa
indiana ainda não tenha tratado deste tema porque ainda estará nos limites do
tolerável, a última edição em hindi da revista Outlook (आउटलुक), que se publica em Nova Delhi,
chama a atenção para a situação que se está a viver e mostra uma fotografia da
extravagante cerimónia militar do encerramento da fronteira em Wagah, no
Punjab, à qual assistem muitas centenas de pessoas entusiasmadas e delirantes, como
se fosse um grande espectáculo musical ou desportivo. A publicação desta
fotografia na mais influente revista indiana não pode deixar de ser “um apelo
ao nacionalismo indiano face à ameaça de agressão paquistanesa”. Certamente que em Islamabad também haverá revistas com semelhantes "apelos ao nacionalismo paquistanês face à ameaça de agressão indiana". Tem sido
sempre assim desde 1947, isto é, desde que o hindu Jawaharlal Nerhu e o islamita Muhammad Ali Jinnah se desentenderam.