Portugal está cada vez mais ocupado por gente estranha e ambiciosa, que mistura política com negócios, que usa a coisa pública em proveito pessoal e que não olha a meios para atingir os seus fins. Muitos têm um ar estrangeirado, falam línguas e estudaram lá por fora. Não fizeram empresas, nem criaram riqueza. Penduraram-se no Estado, que apenas deveria abrigar gente vocacionada para servir o interesse nacional e o bem comum. Nunca como agora houve esta evidência. Enquanto a generalidade dos portugueses empobrece e sofre, ou emigra, andam por aí alguns abutres que, à sombra do Estado e à custa de todos nós, se vão enchendo descarada e abusivamente.
Aqueles que nos governam devem merecer a nossa confiança e não podem trair o voto popular, mas todos os dias nos desapontam com as suas medidas insensíveis tomadas através dessa estranha gente. Agora decidiram dar poderes de consultor a um tal Borges, atribuindo-lhe uma milionária retribuição sem descontos, com o argumento de que é funcionário do FMI. Não é verdade. O homem foi mas já não é e, inclusive, até consta que foi despedido por incompetência. É ele que, com arrogância desmedida, defende a descida dos salários dos outros, que “manda” no governo, que vende o nosso património em nome de privatizações. Como é administrador de várias empresas privadas, ficam no ar muitas suspeitas sobre a forma como serve tantos interesses não convergentes. É um equilibrista. É assim. Vale tudo!
Infelizmente o país está cheio de Borges, em vez de servidores do Estado e do interesse público. Os Borges que prescindem do salário para receber as reformas. Os Borges que estando no governo continuam a gerir os seus escritórios e seguramente a aumentar a sua clientela. Os Borges que vieram de Vancouver. Os Borges que sairam dos escritórios de advogados para a agricultura, o ambiente e o mar.
É caso para dizer, parafraseando o manifesto anti-Dantas de José de Almada Negreiros: se
o Borges é português eu quero ser espanhol!