No
passado dia 29 de Março, a primeira-ministra britânica Theresa May fez chegar
ao polaco Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, uma carta a formalizar a
sua decisão de abandonar a União Europeia. As análises que já antes eram feitas
sobre os prós e os contras desta decisão voltaram a ser discutidas, um pouco
por toda a parte. Nesse contexto, surgiu uma novidade: o que iria fazer
Gibraltar e os 30 mil gibraltinos? Estarão
eles dispostos a deixar a União Europeia e a enfrentar uma mudança na sua
relação com a Espanha, com o fim da livre circulação de pessoas e bens, com a
reabertura da burocracia fronteiriça ou até o isolamento?
Theresa
May cometeu o erro de ignorar Gibraltar na sua carta e a Espanha aproveitou a
oportunidade para insinuar que era chegada a hora de Gibraltar ficar sujeita a
um regime de soberania partilhada entre a Espanha e o Reino Unido, como
primeiro passo para o seu futuro regresso à Espanha. Fabian Picardo, o jovem
ministro-chefe de Gibraltar veio de imediato opor-se a qualquer alteração à
actual ligação de Gibraltar com o Reino Unido, enquanto em Londres alguém se
lembrou de dizer que Gibraltar seria tão defendido quanto o foram as
Falklands/Malvinas em 1982. Entretanto, começaram as habituais quezílias
fronteiriças nas águas gibraltinas. A antiga corveta Infanta Cristina que em 2004 foi reclasssificada como navio-patrulha
(P-77), terá feito “uma incursão ilegal” nas águas de Gibraltar ao passar a
cerca de 1500 metros
da costa, o que obrigou o navio-patrulha HMS
Scimitar (P-284) a abordar o navio espanhol para o escoltar para fora da
águas territoriais de Gibraltar. O navio espanhol tem 89 metros de comprimento
e 1440 toneladas de deslocamento, enquanto o patrulha britânico tem 16 metros de comprimento
e 24 toneladas de deslocamento. Esta diferença e a fotografia dos dois navios
foram aproveitadas pelo Daily Mail para dar uma ajuda ao
orgulho britânico e à persistência ou à teimosia de Gibraltar.