segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Grande Guerra e a homenagem da França

Paris foi ontem o centro do mundo e Emmanuel Macron, cem anos depois do armísticio que pôs fim à I Guerra Mundial, foi o anfitrião de mais de 70 líderes e chefes de Estado que se juntaram para homenagear os milhões de mortos e feridos da Grande Guerra.
O presidente francês começou por receber os representantes internacionais no Palácio do Eliseu, de onde seguiram para o Arco do Triunfo e foi nesse local que o chefe de estado de França deixou um alerta contra o ressurgimento dos nacionalismos. No seu discurso Emmanuel Macron lembrou o “inferno” passado pelos que combateram nas trincheiras desta guerra, os 10 milhões de homens que morreram, os milhões de mulheres que ficaram viúvas e os milhões de crianças que ficaram órfãs e, num apelo à paz, disse que “a lição da Grande Guerra não pode ser a do ressentimento entre os povos, e o passado não pode ser esquecido” e acrescentou que “o patriotismo é exactamente o contrário do nacionalismo”.
A cerimónia teve grandeza e espectacularidade, como mostraram as televisões estrangeiras, já que as televisões portuguesas se revelaram uma vez mais alheias e desinteressadas do que acontece no mundo. Hoje, os jornais de todo o mundo tratam das comemorações em França e publicam a expressiva fotografia da primeira fila da tribuna onde, entre outros, estão Macron e Merkel, Trump e Putin.
A mediocridade da imprensa portuguesa, cuja tematização se aproxima cada vez mais do ridículo e que revela uma absoluta menoridade cultural, destaca hoje como principal notícia a detenção do ex-dirigente desportivo Bruno de Carvalho. É uma vergonha para qualquer dos directores dos nossos jornais de referência e para os jornalistas sérios que lá trabalhem. Que pena não termos um Almada Negreiros para retratar com um manifesto estes Dantas do nosso tempo.