Hoje vai
celebrar-se a noite de Natal que, embora continue a ser um símbolo de
religiosidade muito forte para os cristãos, também se tornou numa grande
operação de carácter comercial, embora seja, sob todas as perspectivas, uma
data festiva para as famílias de raiz cristã.
Na época
natalícia as famílias, mais restritas ou mais alargadas, convivem e participam
em actos religiosos, reúnem em consoada, consomem as iguarias mais
tradicionais, trocam presentes e fazem votos de saúde e de prosperidade para o
novo ano que se aproxima. O Natal é, por isso, um ritual de convívio, de paz,
de harmonia e de solidariedade.
As casas são
decoradas de forma apropriada com símbolos natalícios, tanto religiosos como
profanos, destacando-se essa anomalia do marketing comercial que são as imagens
simbólicas da neve, das renas e dos trenós que trazem o Pai Natal desde a
Lapónia, bem como as árvores de Natal que vandalizam a floresta, enquanto os
presépios parecem despertar menos interesse como símbolos ou objectos decorativos.
Com o
desenvolvimento das telecomunicações e a movimentação internacional da força do
trabalho e das populações das áreas desfavorecidas para as áreas mais
prósperas, o Natal passou a ser também uma monumental operação de correio –
postal, telefónico e electrónico – em que cada pessoa emite e recebe dezenas de
mensagens para e de todo o mundo, constituindo um elo que nos revela que o nosso
planeta é, cada vez mais, a aldeia global
de que falou Marshall McLuhan. Essa aldeia e o sentido de que "estamos todos no mesmo barco" exigem-nos que acabem as guerras e haja paz,
harmonia, solidariedade, democracia, respeito pelos direitos humanos, luta
contra a pobreza, protecção do ambiente e da paisagem e amizade entre os povos.
Da minha parte,
aproveito a manchete da edição de hoje do jornal Le Télégramme, que se publica
na cidade bretã de Brest, para desejar um Joyeux
Noël aos meus leitores, embora o Natal seja sempre que um homem quiser.
