segunda-feira, 30 de março de 2020

Depois disto, nada vai ser como dantes


Quando há mais de duas semanas começamos a tomar medidas de distanciamento social ou de voluntária quarentena, todos imaginamos que a situação de confinamento poderia durar até meados do mês de Abril, depois começou a falar-se em Maio e um jornal de Lisboa anuncia hoje que a quarentena pode durar até finais de Junho. Todos os dias somos informados com novas previsões baseadas em estudos matemáticos que vão atirando o fim desta pandemia para mais tarde, mas o facto é que esses modelos matemáticos pretendem prever a evolução de um fenómeno novo e até há pouco tempo desconhecido. Portanto, nesta preocupante situação por que estamos a passar, parece que vivemos mais no campo do palpite do que no campo da verdade científica.
Independentemente de se saber o andamento da curva epidemiológica e de se saber se vai ter um pico ou se achata, ou se tem um pico agora e outro pico mais tarde, já ninguém tem dúvidas que o nosso modo de vida vai mudar e que muitos dos exageros civilizacionais a que a sociedade chegou, não sobreviverão a esta crise.
Daí que, na sua última edição, o Courrier International tenha aberto um debate à volta do tema repensar o mundo. Porém, a mudança de paradigma que necessariamente nos vai alterar o modo de vida, não vai depender dos poderes dos estados, das orientações dos líderes ou dos sistemas económicos, mas vai ser obra de cada ser humano e da sua adaptação a novos tipos de relacionamento social e familiar, a novos modelos de consumo e a uma nova atitude perante o ambiente e a paisagem. Depois desta pandemia do covid-19 vão ser diferentes a sociedade, a economia, as relações internacionais, o desporto, o turismo, o nosso modo de vida. Nada vai ser como dantes.