quarta-feira, 26 de março de 2014

Melhores navegações no mar dos Açores

No passado dia 21 de Março um novo navio iniciou a sua actividade operacional nas ligações marítimas entre as ilhas do grupo central do arquipélago dos Açores, tendo a sua base no porto da Horta. O novo navio tem linhas muito modernas e foi baptizado com o nome de Mestre Simão, em homenagem ao homem que durante muitos anos, com grande coragem e competência, comandou as históricas lanchas Calheta e Espalamaca nas duríssimas travessias do canal do Faial. Propriedade da empresa pública "Atlânticoline", o navio tem 40 metros de comprimento e capacidade para transportar 344 passageiros e 8 viaturas, devendo muito brevemente juntar-se-lhe o Gilberto Mariano, o segundo navio que a empresa vai colocar ao serviço do tráfego nas ilhas do grupo central. 
A entrada ao serviço deste novo navio é um grande acontecimento regional, um elemento de valorização económica e turística e, sobretudo, um importante benefício social para as populações das ilhas do grupo central, tantas vezes sujeitas aos perigos, às incertezas e ao desconforto das travessias feitas em pequenas lanchas e com mar tempestuoso, que preenchem o imaginário de muitas gerações de açoreanos e, em respecial, dos picoenses. Embora o “mau tempo no canal”, que Vitorino Nemésio imortalizou no seu famoso romance, vá continuar a fustigar aqueles que atravessam o canal do Faial, o facto é que o Mestre Simão vai tornar as ligações entre as ilhas do grupo central, especialmente entre o Faial e o Pico, menos problemáticas e mais confortáveis. Eu já experimentei e fiquei satisfeito. É um investimento avultado, mas é um caso de evidente progresso social. Os mares dos Açores são muito duros, mas por aqui as pessoas valem!

Os nossos jovens com vontade de emigrar

O jornal i destaca na sua edição de hoje que, metade dos alunos do 3º ciclo do ensino básico, isto é, jovens entre os 12 e os 15 anos, já pensam em emigar. Esta conclusão resulta de um inquérito e de um estudo promovidos pela associação Empresários pela Inclusão Social (EPIS) que, segundo o jornal, terá sido apresentado hoje na Fundação Calouste Gulbenkian.
O estudo que avaliou expectativas, preferências e capacidades de estudantes de 18 concelhos, revela que 46% dos cerca de dois mil estudantes que participaram no inquérito estão convencidos de que terão de emigar para arranjar trabalho. O estudo mostra que, maioritariamente, os rapazes querem ser desportistas e as raparigas querem ser médicas, mas também tem algumas respostas para temas como o sucesso escolar, as carreiras profissionais, o desemprego, a aparência física e os hobbies, entre outros. Naturalmente que o estudo é importante para pais e professores, mas para a generalidade da população tem um sabor muito amargo. É caso para perguntar o que andam a fazer os nossos governantes que, obcecados pela obediência cega aos nossos credores – que são também nossos parceiros, nossos aliados e nossos amigos – antes sugeriram que uma geração emigrasse e agora deixam que uma outra geração já veja os caminhos da emigração como os caminhos do futuro. Que país é este que estamos a construir, onde tanta gente jovem já pensa em emigrar? Curiosamente e sem qualquer sentido das realidades, em vez de mostrarem preocupação por estarem a tirar a esperança a uma geração, os nossos governantes dizem que os sinais animadores da nossa economia já permitem inverter o ciclo emigratório. Será que acreditam no que dizem?