A edição de hoje
do jornal novaiorquino Daily News dedica a sua capa a
Donald Trump e, quase três semanas depois das eleições, retrata-o como um
incendiário que continua a ignorar a calamidade que é a pandemia do covid-19, que afasta aqueles que dele discordam
e que mostra “espasmos de raiva” por ter perdido as eleições. Acontece que
Trump sempre disse que Joe Biden e os Democratas só venceriam as eleições pela
fraude e na noite eleitoral, muito antes de serem conhecidos os resultados, já
o Donald punha em prática o seu maquiavélico plano ao declarar vitória e, pouco
depois, ao denunciar fraudes sem quaisquer evidências ou provas. As
contestações começaram na esfera mediática com teorias da conspiração, boatos
sobre fraudes e pressões sobre juízes e políticos, passando depois para a
esfera judicial, onde as teses enunciadas pelo Donald e pelo seu advogado Rudy
Giuliani têm sido rejeitadas, ao mesmo tempo que as recontagens de votos têm
sido favoráveis a Joe Biden.
O comportamento irresponsável e mentiroso do
Donald tem divertido o mundo, que não compreende a sua teimosia em não
reconhecer a derrota e a vitória de Joe Biden, o que vai contra a tradição
americana. Donald e a sua equipa sabem que perderam nas urnas, mas construíram uma farsa
desonesta e mentirosa que está a fragilizar os Estados Unidos, apenas porque
não aceitam o princípio democrático da alternância do poder e da soberania do
voto popular. Alguns especialistas pensam que a recusa do Donald em reconhecer
a vitória da dupla Joe Biden-Kamala Harris é uma táctica para manter a sua base eleitoral
activa e mobilizada, possivelmente para criar no seu partido a ideia
de voltar a ser escolhido para concorrer às eleições presidenciais de 2024.
Porém, com este espectáculo que já é demasiado ridículo, o Donald vai certamente
perder adeptos todos os dias e, provavelmente, vai ser esquecido ou passará a
figura secundária da política americana.
O facto é que
ninguém imaginava que as eleições americanas fizessem correr tanta tinta.