A edição de hoje do Correio da Manhã informa que “Assembleia gasta 110 mil euros em portáteis”, através de um concurso público que foi lançado para adquirir 120 novos computadores portáteis, com o objectivo de renovar os equipamentos comprados em 2008 e distribuídos aos deputados. Eu não imaginava que cada deputado tinha direito a um computador pessoal (dos caros!) e acho que isso constitui uma mordomia injustificada, a juntar a tantas outras. Depois, ainda fico mais espantado ao saber que o lote de portáteis a adquirir não é para atribuição imediata, mas apenas para constituir um stock para futuras necessidades, como se fossem lápis ou borrachas. Como há deputados com Audi e BMW atribuidos, imagine-se o que seria se fosse constituído um stock de viaturas topo de gama para futuras necessidades. E isto em tempo de crise!
A Assembleia da República e os deputados deviam preocupar-se com a redução da despesa pública e dar bons exemplos de contenção, mas parece que isso não é com eles. Sempre pensei, apenas por intuição, que nos bastaria ter uma centena de deputados para representar a nossa diversidade geográfica e defender a pluralidade de ideias da sociedade, pois seria mais funcional, mais eficiente e mais barato. Porém, o que diariamente vemos através dessa porta que é o Canal Parlamento chega a ser chocante, com inúmeros deputados ausentes ou a bocejar, com um excesso de juventude e de inexperiência, com intervenções por vezes insultuosas e sem qualquer substância útil. Essa é uma das razões porque o povo perdeu o respeito que, em teoria, deveria ser prestado aos seus representantes eleitos.