quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Os três pesos e as três medidas do Donald

Vigarista, batoteiro, racista. Estas foram algumas das acusações feitas a Donald Trump por Michael Cohen, o advogado que durante uma década foi um dos seus mais leais colaboradores. A imprensa mundial destaca hoje essas declarações que nos impressionam e que vêm mostrar a verdadeira face deste e de outros donald que há por esse mundo fora e das causas, ou interesses, que defendem.
É realmente preocupante que o mundo esteja sujeito às disfunções de certos dirigentes, sobretudo quando são poderosos.
Na mesma altura em que Cohen falava no Congresso sobre as tropelias do Donald, o mesmo Donald abraçava e jantava no Vietnam com o ditador norte-coreano Kim Jong-un e, nas fronteiras venezuelanas, os seus agentes procuravam abater o aspirante a ditador Nicolás Maduro, num país em que existem partidos políticos, oposição organizada e eleições, provavelmente pouco livres, mas que atravessa uma grave crise económica causada principalmente pelo boicote promovido pela administração Trump. Este comportamento enviesado e de geometria variável na política externa do Donald não admira e basta observar o que se passa com a amizade mantida com a Arábia Saudita, que é a ditadura mais radical do mundo, onde perdura um regime culturalmente fechado e intolerante, mas que é alimentado militarmente pelos Estados Unidos.
Porém, o Donald escolheu três pesos e três medidas para gerir a sua relação com os ditadores: ao rei saudita Salman vende armas que são pagas em petrodólares, ao ditador Kim Jong-un oferece ajuda económica em troco da desnuclearização da península coreana e ao aspirante a ditador Nicolás Maduro apenas quer tirar o poder, num quadro de abusiva ingerência na política interna de um país soberano.