O presidente
iraniano Ebrahim Raisi recebeu em Teerão o presidente russo Vladimir Putin e o
presidente turco Recep Tayyip Erdogan e este encontro, que não suscitou o
interesse da imprensa internacional, foi de grande importância política, pois
juntou os líderes de três poderosos actores da cena internacional. Cada um
destes países tem interesses próprios na Ásia Ocidental e no Médio Oriente e,
cada um a seu modo, procura maior protagonismo internacional e mostra desconfiar e resistir às
influências ocidentais.
A Rússia está
envolvida na sua “operação militar especial” na Ucrânia, o Irão mantém um
apertado braço de ferro com a Arábia Saudita a propósito do Iémen e a Turquia,
que é membro da NATO, parece estar a planear a sua própria “operação militar
especial” no Curdistão sírio.
Na agenda deste
encontro parece ter estado a proposta apoiada pela ONU para a retoma das
exportações de cereais ucranianos através do Mar Negro, para aliviar a crise
alimentar mundial, mas terá sido o conflito na Síria, onde os três países se
envolveram para combater o terrorismo do Estado Islâmico e de outros grupos radicais, que dominou
a reunião.
Poucos dias
antes, também o presidente Joe Biden esteve em Israel e na Arábia Saudita, que são aliados
dos Estados Unidos e os principais rivais do Irão, para reforçar os laços de cooperação americanos com esses países e, certamente, para vender equipamento militar.
Assim vai este mundo, onde parece que se andam a “contar espingardas”, esquecendo-se os urgentes problemas das alterações climáticas, da pobreza e da fome, entre muitos outros. Como referiu o secretário-geral das Nações Unidas António Guterres, temos uma escolha: acção colectiva ou suicídio colectivo.
Este encontro de
Teerão não se inscreve na lógica de António Guterres, mas quebrou algum isolamento internacional da Rússia e fez com que Vladimir Putin
recebesse o apoio firme do líder supremo iraniano Ali Khamenei. A fotografia
publicada pelo jornal espanhol El País mostra como foi
politicamente importante o encontro de Teerão.