O Ministro Mário Centeno foi ontem eleito para presidir ao Eurogrupo, um
grupo informal dos Ministros das Finanças dos Estados-membros da União Europeia
cuja moeda oficial é o euro, que se reune mensalmente para ajustarem a coordenação
das suas políticas económicas. Assim, a partir do próximo dia 13 de Janeiro,
Mário Centeno substituirá o holandês Jeroen
Dijsselbloem e desempenhará a função de
presidente do Eurogrupo nos próximos dois anos e meio.
É um motivo de satisfação para Portugal e um enorme elogio para a política orçamental portuguesa e, sobretudo, para Mário Centeno. Ele é um dos raros
portugueses doutorados em Harvard, por acaso a primeira ou segunda melhor
universidade do mundo na área económica e, por isso, tem uma qualidade
académica bem diferente da ignorância exibida por outros economistas que por aí circulam. O Finantial Times, em título de primeira página, escreveu que "Centeno wins race to be eurogroup head" e começa a noticia da seguinte maneira: "Harvard educated economist Mario Centeno...". Portanto, a sua
eleição é o reconhecimento da credibilidade do governo portugués e da forma como
foi preparada a candidatura, mas também da qualidade académica do candidato, um aspecto
que por cá tem sido muito pouco salientado.
Muitos políticos e comentadores, provavelmente dominados pela tradicional
inveja lusitana, têm posto em causa esta escolha, duvidando da capacidade de se
ser, simultaneamente, presidente do Eurogrupo em Bruxelas e ministro das
Finanças em Portugal. Porém, Mário Centeno tem respondido a esses profetas, que
até parece que gostavam que as coisas corressem mal para por uma vez terem
razão, com a sua sobriedade habitual e até garantiu que o seu novo cargo nada muda na relação com os parceiros parlamentares
portugueses. A escolha de Centeno é uma valente bofetada em Cavaco Silva, Passos Coelho, Marques Mendes, Carlos Costa e nessas figurinhas menores que são Teodora Cardoso e Maria Albuquerque, porque todos eles desconfiaram da capacidade de Centeno, ao contrário de Merkel e de Macron. Grande Centeno!
Independentemente dessas vozes “que não chegam ao céu”, o facto é que com
Mário Centeno a presidir ao Eurogrupo, a imagem e a credibilidade de Portugal no
mundo melhoram consideravelmente e o país bem precisa disso, depois de vários
anos em que se deixou humilhar.
Wolfgang
Schäuble tinha razão: Mário Centeno é mesmo o “Ronaldo do Ecofin”.