O Centro
Histórico de Macau foi classificado pela Unesco e entrou na lista do Património
Mundial da Humanidade em 2005, mas quinze anos depois, o legado português
deixado naquele território ao longo de quase cinco séculos, numa fusão entre as
arquitecturas e as tradições culturais chinesas e portuguesas, parece estar em
perigo. Na sua edição de hoje, o jornal Macau hoje titula que o património
está à deriva e ilustra essa manchete com a fotografia do Farol da Guia, que é o
mais antigo farol das costas chinesas.
A classificação da
Unesco representou um ponto alto na afirmação da permanência cultural
portuguesa em Macau ao integrar vários sítios e construções históricas como o
edifício e o largo do Leal Senado, a Santa Casa da Misericórdia, as igrejas da
Sé, de São Lourenço, de Santo António, de Santo Agostinho, de São Domingos, as
Ruínas de São Paulo e o Largo da Companhia de Jesus, além do Farol da Guia. O Grupo para a Salvaguarda do Farol da Guia tem criticado a
gestão do património histórico em Macau, sobretudo o simbólico farol,
denunciando que já quase se não vislumbra por estar entalado entre prédios
altos que descaracterizam aquela colina. Porém, a mesma crítica é feita em
relação a outros edifícios classificados, cada vez mais desenquadrados da nova
paisagem urbana macaense. Significa, portanto, que a construção urbana tem mais
força que a protecção do património, apesar da pressão que tem sido feita sobre
as autoridades da Região Administrativa Especial de Macau para que tome medidas
decisivas para reduzir a altura dos edifícios em construção e dos edifícios que
vierem a ser construídos. Porém, será uma luta bem difícil, provavelmente inglória.