quarta-feira, 31 de maio de 2023

Os grandes veleiros são História ao vivo

O diário El Comercio que se publica em Gijón, a cidade mais povoada da Comunidade Autónoma, ou Principado das Astúrias, destaca na sua edição de hoje a visita ao seu porto do navio-escola mexicano Cuauhtémoc, certamente porque a visita de um veleiro é um acontecimento relevante.
O navio é um veleiro que arma em barca, pertence à Marinha do México e foi construído em 1982 nos estaleiros de Bilbau, onde também tinham sido construídos os veleiros Gloria (Colômbia), Guayas (Equador) e Simón Bolivar (Venezuela). As principais missões do navio-escola mexicano são a realização das viagens de instrução dos cadetes da Marinha do México.
Este ano o Cuauhtémoc largou do porto de Acapulco no dia 1 de Abril para o seu “crucero de instrucción ‘Ibero-Bizantino 2023” numa viagem de nove meses, em que vai “llevando por el mundo el mensaje de paz y buena voluntad del pueblo mexicano”. Depois de Cuba e dos Estados Unidos, o navio fez a travessia do Atlântico em 21 dias e atracou em Gijón, iniciando a componente europeia da sua viagem em que visitará portos de Espanha, França, Reino Unido, Turquia, Itália e Portugal. Quando terminar a sua viagem, aquele “Embajador y Caballero de los Mares” terá visitado treze países.
Em Portugal também temos o navio-escola Sagres e alguns outros belos veleiros históricos, mas são temas que não interessam à imprensa portuguesa, ao contrário do que sucede em Espanha, em que são destacadas as viagens do seu navio-escola Juan Sebastián de Elcano e as visitas dos grandes veleiros internacionais, como sucede com esta visita do Cuauhtémoc. É uma questão cultural, que mostra como a imprensa e os outros meios de comunicação social portugueses vivem sobretudo do sensacionalismo, das fake news e das agendas encomendadas. Como estava enganado o poeta António Nobre quando escreveu “Georges! Anda ver o meu país de Marinheiros/ O meu país das Naus, de esquadras e de frotas!” (Só), ou quando não foi ouvida a mensagem marítima do poeta Fernando Pessoa, quando escreveu que “um navio será sempre belo, só porque é um navio” (Ode Marítima).