O diário El Comercio que se
publica em Gijón, a cidade mais povoada da Comunidade Autónoma, ou Principado
das Astúrias, destaca na sua edição de hoje a visita ao seu porto do
navio-escola mexicano Cuauhtémoc,
certamente porque a visita de um veleiro é um acontecimento relevante.
O navio é um veleiro que arma em
barca, pertence à Marinha do México e foi construído em 1982 nos estaleiros de
Bilbau, onde também tinham sido construídos os veleiros Gloria (Colômbia), Guayas (Equador)
e Simón Bolivar (Venezuela). As principais
missões do navio-escola mexicano são a realização das viagens de instrução dos
cadetes da Marinha do México.
Este ano o Cuauhtémoc largou do porto de Acapulco no dia 1 de Abril para o
seu “crucero de instrucción ‘Ibero-Bizantino 2023” numa viagem de nove meses,
em que vai “llevando por el mundo el mensaje de paz y buena voluntad del pueblo
mexicano”. Depois de Cuba e dos Estados Unidos, o navio fez a travessia do
Atlântico em 21 dias e atracou em Gijón, iniciando a componente europeia da sua
viagem em que visitará portos de Espanha, França, Reino Unido, Turquia, Itália
e Portugal. Quando terminar a sua viagem, aquele “Embajador y Caballero de los
Mares” terá visitado treze países.
Em Portugal também temos o
navio-escola Sagres e alguns outros
belos veleiros históricos, mas são temas que não interessam à imprensa
portuguesa, ao contrário do que sucede em Espanha, em que são destacadas as
viagens do seu navio-escola Juan
Sebastián de Elcano e as visitas dos grandes veleiros internacionais, como
sucede com esta visita do Cuauhtémoc. É uma questão cultural, que mostra
como a imprensa e os outros meios de comunicação social portugueses vivem
sobretudo do sensacionalismo, das fake
news e das agendas encomendadas. Como estava enganado o poeta António Nobre
quando escreveu “Georges! Anda ver o meu
país de Marinheiros/ O meu país das Naus, de esquadras e de frotas!” (Só),
ou quando não foi ouvida a mensagem marítima do poeta Fernando Pessoa, quando
escreveu que “um navio será sempre belo, só
porque é um navio” (Ode Marítima).
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