Ontem
foi celebrado em Caracas o 18º aniversário da tentativa de golpe de estado
organizado em 2002 por sectores militares da extrema-direita venezuelana contra
o presidente Hugo Chávez, que chegou a ser detido pelos revoltosos, mas essa
tentativa foi derrotada ao fim de 47 horas. A derrota dos seus opositores e o
estilo populista de Hugo Chávez tornaram-no um presidente poderoso que impôs
um regime de tendência autoritária em nome do bolivarismo, que acentuou a
sua hostilidade para com os Estados Unidos e a aproximação a Cuba, até que a
morte o levou. O seu vice-presidente, que em 2013 foi eleito como seu sucessor,
foi Nicolás Maduro que se tornou o presidente da República Bolivariana da
Venezuela e se declarou herdeiro político de Hugo Chávez.
Nicolás
Maduro é um dos dirigentes mais excêntricos que o mundo conhece e, como é
sabido, dirige um país que atravessa grandes dificuldades económicas e sociais,
além de uma grande turbulência política interna. O que se passa na Venezuela é
mau demais e é difícil de compreender, porque as informações que nos chegam, a
favor ou contra Maduro, estão viciadas pela propaganda e pelo preconceito ideológico.
Porém,
as festividades ontem realizadas no Dia de la Milicia Bolivariana e que hoje são
destacadas pelo diário Últimas Notícias, são uma boa ajuda
para perceber o regime venezuelano que Maduro encabeça. Disse ele, segundo destaca aquele jornal de Caracas:
“Declaro
que hoy 13 de abril de 2020 la Milicia Nacional Bolivariana ha llegado a 4
millones 156 mil 567 milicianos y milicianas. Cuándo la Fanb tenía una fuerza
de reserva tan poderosa?”.
Então
não é que num país de 28 milhões de habitantes, há uma força paramilitar com mais
de quatro milhões de milicianos e milicianas que, segundo Maduro, estão prontos
e mobilizados para cumprir tarefas de “salud, alimentación, inteligencia y
adiestramiento”? Esta Milicia
Nacional Bolivariana está, desde Fevereiro, formalmente integrada nas Forças
Armadas Nacionais Bolivarianas, mas as suas funções de “inteligencia y
adiestramiento” são muito preocupantes, sobretudo para quem conhece o historial
desse tipo de organizações.