A Associação do Comércio Automóvel de Portugal (ACAP) divulga mensalmente as estatísticas das vendas de veículos automóveis em Portugal. São muito poucas as entidades públicas ou privadas que são tão céleres na divulgação de um tipo de informação que, como esta, nos ajuda a perceber melhor a real situação económica e social em que nos encontramos e, por isso, a ACAP merece elogios.
Pois, segundo o seu boletim mensal, entre Janeiro e Julho deste ano, o mercado automóvel caíu em todos os sectores – ligeiros de passageiros, comerciais ligeiros e veículos pesados. Em sete meses foram vendidos 72.760 veículos que, relativamente ao mesmo período de 2011, representa uma queda de 41%. São os sinais da crise e da sua dimensão!
A análise das estatísticas é deveras curiosa, pois mostra-nos que os portugueses compram menos mas que continuam a comprar do melhor, não prescindindo de motores com desempenho acima da média, nem dos emblemas de maior prestígio. Assim, as marcas mais vendidas foram a Renault, a Volkswagen, a Peugeot, a BMW e a Audi e, nos 62.661 veículos ligeiros de passageiros vendidos nos primeiros sete meses do ano de 2012, encontram-se 4000 BMW, 3807 Audi e 3192 Mercedes, embora o modelo mais vendido tivesse sido o Renault Mégane, que custa 28.100 euros. A lista das vendas informa-nos, ainda, que nesses sete meses foram vendidos 167 Porsches (apenas 10% menos do que em 2011), 78 Jaguares (mais unidades do que em 2011), 6 Ferraris, 3 Aston Martin, 3 Bentley e um Lamborghini. Quem serão e qual a origem dos rendimentos desta gente?
A conclusão é óbvia: a crise não é igual para todos, há quem continue a ter privilégios injustificados e imorais e, evidentemente, não há justiça fiscal nenhuma. O nosso contabilista gaspar continua a ter medo dos fortes e a malhar nos fracos.