quarta-feira, 16 de novembro de 2022

Os mísseis e o irresponsável Cravinho

Ontem, durante a Conferência do G20 em Bali, quando algumas vozes se uniam a pedir o fim da guerra e intercediam junto de Xi Jinping para que pressionasse a Rússia a favor da paz na Ucrânia, apareceu a notícia de que um míssil explodira em território polaco, próximo da fronteira ucraniana, provocando dois mortos e a destruição de um tractor agrícola. De imediato, as nossas televisões trataram de chamar os comentadores do costume para falar do “ataque russo à Polónia” e dos artigos 4º e 5º do Tratado do Atlântico Norte (NATO), quase todos a alinhar numa anormal histeria belicista, até que o bom senso do general Pinto Ramalho veio considerar ridículo que a destruição de um tractor agrícola pudesse ser tomada por um ataque deliberado à soberania polaca. Apesar das declarações de muitos dirigentes mundiais a sugerir moderação na análise da situação, parecia evidente que se tratava de um simples incidente, ou então, de uma tentativa de provocar uma confrontação da NATO com a Rússia. Joe Biden disse logo que não acreditava que o míssil tivesse partido da Rússia, Recep Erdogan disse que o caso nada tinha a ver com a Rússia e o presidente polaco afirmou que se tratou de um incidente isolado.
Esta manhã Joe Biden informou o G7 e a NATO que a explosão foi causada por um míssil da defesa antiaérea ucraniana e a Rússia veio elogiar a “acção contida” dos Estados Unidos. Só Zelensky continua a dizer que foi a Rússia a lançar o míssil, a fazer lembrar muitas inventonas da nossa história recente, como as armas de destruição maciça do Iraque de Sadam Hussein ou a destruição dos oleadutos Nord Stream, entre outras. O ministro Cravinho que durante meses nunca falou de paz e se tem arvorado em falcão, foi um dos primeiros a declarar que a queda de mísseis na Polónia é uma “irresponsabilidade” de Putin. Eu julgava-o um incompetente e um indivíduo demasiado vulgar. Agora posso concluir que além de incompetente é um irresponsável e afirmar que não é o ministro dos Negócios Estrangeiros de que o nosso país precisa.