Ontem, durante a
Conferência do G20 em Bali, quando algumas vozes se uniam a pedir o fim da
guerra e intercediam junto de Xi Jinping para que pressionasse a Rússia a favor
da paz na Ucrânia, apareceu a notícia de que um míssil explodira em território
polaco, próximo da fronteira ucraniana, provocando dois mortos e a destruição de
um tractor agrícola. De imediato, as nossas televisões trataram de chamar os
comentadores do costume para falar do “ataque russo à Polónia” e dos artigos 4º
e 5º do Tratado do Atlântico Norte (NATO), quase todos a alinhar numa anormal
histeria belicista, até que o bom senso do general Pinto Ramalho veio
considerar ridículo que a destruição de um tractor agrícola pudesse ser tomada
por um ataque deliberado à soberania polaca. Apesar das declarações de muitos
dirigentes mundiais a sugerir moderação na análise da situação, parecia
evidente que se tratava de um simples incidente, ou então, de uma tentativa de provocar
uma confrontação da NATO com a Rússia. Joe Biden disse logo que não acreditava
que o míssil tivesse partido da Rússia, Recep Erdogan disse que o caso nada
tinha a ver com a Rússia e o presidente polaco afirmou que se tratou de um
incidente isolado.
Esta manhã Joe
Biden informou o G7 e a NATO que a explosão foi causada por um míssil da defesa
antiaérea ucraniana e a Rússia veio elogiar a “acção contida” dos Estados
Unidos. Só Zelensky continua a dizer que foi a Rússia a lançar o míssil, a
fazer lembrar muitas inventonas da
nossa história recente, como as armas de destruição maciça do Iraque de Sadam
Hussein ou a destruição dos oleadutos Nord Stream, entre outras. O ministro
Cravinho que durante meses nunca falou de paz e se tem arvorado em falcão, foi um dos primeiros
a declarar que a queda de mísseis na Polónia é uma “irresponsabilidade” de
Putin. Eu julgava-o um incompetente e um indivíduo demasiado vulgar. Agora posso concluir que além de
incompetente é um irresponsável e afirmar que não é o ministro dos Negócios Estrangeiros
de que o nosso país precisa.
Comentário claro, conciso e certeiro.
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