quinta-feira, 20 de junho de 2024

As alianças militares na Ásia Oriental

O líder russo Vladimir Putin visitou a Coreia do Norte esta semana, tendo sido a primeira visita que fez ao país nos últimos 24 anos embora, em menos de um ano, tenha tido um segundo encontro com Kim Jong-un.
Putin foi recebido na cidade de Pyongyang em festa e como um grande amigo, não lhe faltando um tapete vermelho e uma grande cerimónia na Praça Kim Il-sung, com banda militar e danças sincronizadas, como mostra a fotografia publicada pelo The Guardian. Os dois países são aliados desde o fim da guerra da Coreia (1950-1953), mas tornaram-se mais próximos desde a intervenção russa na Ucrânia, que teve o apoio do regime de Kim Jong-un.
A Coreia do Norte é um importante produtor de armamento e tem seguido uma política militarista, agressiva e anti-americana, pelo que este encontro entre Putin e Kim Jong-un, causou natural alarme em Washington e Seul, pois vai muito para além do fornecimento de armas e munições, constituindo uma aliança estratégica que foi formalizada num acordo de parceria global já assinado, que prevê a prestação de ajuda mútua em caso de agressão contra qualquer das partes. Nessa altura, segundo refere a imprensa, Putin referiu declarações dos Estados Unidos e de outros países da NATO sobre o fornecimento à Ucrânia de armas de longo alcance, aviões F-16 e outro armamento para atacar o território russo. Na mesma linha tem actuado Jens Stoltenberg, o secretário-geral da NATO, que usa e abusa de um discurso agressivo para o qual ninguém o mandatou. 
Portanto, temos a escalada em marcha. Provavelmente só as eleições nos Estados Unidos, em França e no Reino Unido poderão mudar o preocupante rumo dos acontecimentos.

Felipe VI e os seus dez anos de reinado

No dia 19 de junho de 2014 o parlamento espanhol proclamou Felipe VI como Rei de Espanha, depois do seu pai Juan Carlos I ter abdicado, num momento em que o então chefe de Estado estava envolvido em polémicas relacionadas com a sua vida íntima e comportamentos pessoais considerados pouco éticos, a que se somaram suspeitas de corrupção que afectavam também outros membros da família real. Felipe VI tinha então 46 anos de idade e, desde então, tem procurado regenerar a imagem da Monarquia, através de medidas concretas de que se destaca a rejeição da herança material do seu pai e o corte com abusos que aconteciam até na sua própria família.
De acordo com a Constituição de 1978, a Espanha é constituída por 17 comunidades autónomas e duas cidades autónomas, dotadas de autonomia legislativa e executiva e, no seu artigo 2º, reconhece e garante “o direito à autonomia das nacionalidades e regiões que compõem o Estado”, dentro da “indissolúvel unidade da Nação espanhola, pátria comum de todos os espanhóis”. Desta forma, a Espanha tem o espanhol como língua oficial, mas tem quatro línguas co-oficiais, que são faladas em seis das 17 comunidades: galego, basco, catalão e aranés. Significa que, perante um quadro tão diverso, o Rei é o símbolo maior de unidade nacional.
Ontem assinalaram-se dez anos de reinado de Felipe VI, com muitas cerimónias e celebrações, parecendo ter havido uma grande unanimidade em torno da sua “ejemplaridad, lealtad y transparencia”, como mostram as primeiras páginas dos principais jornais espanhóis, como por exemplo o Heraldo de Aragón. Porém, a vida política de Felipe VI não tem sido fácil, porque embora tenha havido apenas dois primeiros-ministros durante o seu reinado, respectivamente Mariano Rajoy (PP) e Pedro Sánchez (PSOE), tem-lhe cabido manter um papel de equilíbrio na crise resultante das reivindicações independentistas da Catalunha e na gestão de todas as assimetrias regionais do Reino de Espanha. 
No entanto, o que todos os portugueses desejam é que a Espanha se conserve estável, próspera, pacífica e, sobretudo, seja um bom vizinho.