domingo, 5 de maio de 2013

Um inviabilizador de consensos


Alguns jornais espanhóis apareceram hoje nas bancas a exibir como principal notícia os esforços desenvolvidos pelo Rei para que seja conseguido um consenso político em Espanha, que permita lutar eficazmente contra o desemprego que afecta mais de 6 milhões de espanhóis. O diário catalão La Vanguardia é um desses jornais e destaca em título de primeira página que “el Rey anima al consenso politico para frenar el paro” e acrescenta que “Don Juan Carlos sugiere acuerdos a Rajoy y Rubalcaba para poder crear empleo”.
A questão do consenso político tem surgido nos últimos tempos nos países do sul da Europa, associada à necessidade de se dispor de uma base social de apoio às reformas estruturais que urge fazer. Porém, enquanto o Rei de Espanha anima o consenso e sugere acordos entre Rajoy e Rubalcaba, aqui passa-se exactamente o contrário e, ainda há poucos dias, o constitucionalista Jorge Miranda considerou que o Presidente “é largamente responsável por não haver consenso”. E é!
Quando há dois anos tomou posse do cargo para que foi reeleito, afirmou que “há limites para os sacrifícios que se podem exigir ao comum dos cidadãos”. Mudou o governo e parece que deixou de haver limites aos sacrifícios, pelo apoio objectivo que vem dando a uma governação que não respeita as promessas eleitorais, que nos aplica sucessivos pacotes de austeridade e nos afunda com falências e desemprego. A sua função de mediação institucional está esquecida e, mesmo quando fala em consensos político-partidários, está de facto a ampliar antagonismos e a inviabilizar consensos. Ao menos que aprenda com o Rei de Espanha.

Emprego a recuperar nos Estados Unidos

A edição de ontem do The Washington Post destaca na sua primeira página que a taxa de desemprego nos Estados Unidos baixou e que esse facto é um sinal de recuperação da economia americana, acrescentando que os 7.5% de desemprego “é o mais baixo valor desde 2008” e que, só no mês de Abril, foram criados 165 mil empregos. E o jornal acrescenta: “quase quatro anos depois de uma recessão devastadora, a economia e o mercado do trabalho dos Estados Unidos ainda estão longe de uma completa recuperação, mas têm feito um progresso constante”.
O desemprego nos Estados Unidos teve um pico de 10% em Outubro de 2009, mas a situação começa agora a mudar com a economia a crescer 2,5% no 1º trimestre, quando crescera 2,4% em 2010, 1,8% em 2011 e 2,2% em 2012. Este ano tem sido criada uma média mensal de 196 mil empregos, o que supera os 179 mil criados mensalmente em 2011 e 2012. Porém, a economia americana ainda tem de recuperar 2,6 milhões de postos de trabalho para atingir o nível de emprego que tinha em Dezembro de 2007, "quando começou a grande recessão". No entanto, perante a evolução do crescimento demográfico americano, alguns analistas consideram que serão necessários 8,6 milhões de novos postos de trabalho para recuperar a taxa de emprego que existia em finais de 2007.
Esta é uma boa notícia para os Estados Unidos, mas também para a economia global e, em especial, para a economia europeia. Se do outro lado do Atlântico por vezes chegam problemas como foi a falência do Lehman Brothers, bom seria agora que de lá viesse um vento de contágio que ajudasse a Europa a atenuar o drama de mais de 26 milhões de desempregados, sobretudo na Grécia (27,2%), na Espanha (26,7%) e em Portugal (17.5%).