Alguns jornais
espanhóis apareceram hoje nas bancas a exibir como principal notícia os esforços
desenvolvidos pelo Rei para que seja conseguido um consenso político em Espanha,
que permita lutar eficazmente contra o desemprego que afecta mais de 6 milhões
de espanhóis. O diário catalão La
Vanguardia é um desses jornais e
destaca em título de primeira página que “el Rey anima al consenso politico para
frenar el paro” e acrescenta que “Don
Juan Carlos sugiere acuerdos a Rajoy y Rubalcaba para poder crear
empleo”.
A questão do
consenso político tem surgido nos últimos tempos nos países do sul da Europa,
associada à necessidade de se dispor de uma base social de apoio às reformas
estruturais que urge fazer. Porém, enquanto o Rei de Espanha anima o consenso e
sugere acordos entre Rajoy e Rubalcaba, aqui passa-se exactamente o contrário e,
ainda há poucos dias, o constitucionalista Jorge Miranda considerou que o
Presidente “é largamente responsável por não haver consenso”. E é!Quando há dois anos tomou posse do cargo para que foi reeleito, afirmou que “há limites para os sacrifícios que se podem exigir ao comum dos cidadãos”. Mudou o governo e parece que deixou de haver limites aos sacrifícios, pelo apoio objectivo que vem dando a uma governação que não respeita as promessas eleitorais, que nos aplica sucessivos pacotes de austeridade e nos afunda com falências e desemprego. A sua função de mediação institucional está esquecida e, mesmo quando fala em consensos político-partidários, está de facto a ampliar antagonismos e a inviabilizar consensos. Ao menos que aprenda com o Rei de Espanha.