domingo, 5 de maio de 2013

Um inviabilizador de consensos


Alguns jornais espanhóis apareceram hoje nas bancas a exibir como principal notícia os esforços desenvolvidos pelo Rei para que seja conseguido um consenso político em Espanha, que permita lutar eficazmente contra o desemprego que afecta mais de 6 milhões de espanhóis. O diário catalão La Vanguardia é um desses jornais e destaca em título de primeira página que “el Rey anima al consenso politico para frenar el paro” e acrescenta que “Don Juan Carlos sugiere acuerdos a Rajoy y Rubalcaba para poder crear empleo”.
A questão do consenso político tem surgido nos últimos tempos nos países do sul da Europa, associada à necessidade de se dispor de uma base social de apoio às reformas estruturais que urge fazer. Porém, enquanto o Rei de Espanha anima o consenso e sugere acordos entre Rajoy e Rubalcaba, aqui passa-se exactamente o contrário e, ainda há poucos dias, o constitucionalista Jorge Miranda considerou que o Presidente “é largamente responsável por não haver consenso”. E é!
Quando há dois anos tomou posse do cargo para que foi reeleito, afirmou que “há limites para os sacrifícios que se podem exigir ao comum dos cidadãos”. Mudou o governo e parece que deixou de haver limites aos sacrifícios, pelo apoio objectivo que vem dando a uma governação que não respeita as promessas eleitorais, que nos aplica sucessivos pacotes de austeridade e nos afunda com falências e desemprego. A sua função de mediação institucional está esquecida e, mesmo quando fala em consensos político-partidários, está de facto a ampliar antagonismos e a inviabilizar consensos. Ao menos que aprenda com o Rei de Espanha.

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