No prédio localizado na esquina da Avenida Duque de Ávila com a Rua Dona Estefânia, no Bairro do Arco do Cego em Lisboa, entre 1943 e 1965, esteve instalada a Casa dos Estudantes do Império.
A Casa dos Estudantes do Império foi criada pelo regime do Estado Novo e sucedeu à Casa dos Estudantes de Angola, que reunia estudantes angolanos, maioritariamente filhos de colonos e de funcionários daquela colónia, que estudavam em Portugal.
A casa tinha a missão de apoiar social e logisticamente os estudantes oriundos das colónias portuguesas e até do Brasil, com um refeitório e assistência médica, além de promover actividades culturais e desportivas. Apesar de ser financiada pelo Estado português e de ter objectivos sociais, a Casa dos Estudantes do Império tornou-se o berço do nacionalismo das ex-colónias em Portugal e por ela passaram, em Lisboa e em Coimbra, os mais destacados líderes dos movimentos de libertação africanos como Agostinho Neto, Amílcar Cabral, Lúcio Lara, Mário Pinto de Andrade, Marcelino dos Santos, Joaquim Chissano, Francisco Tenreiro, Luandino Vieira, José Craveirinha, Aquino de Bragança, Paulo Jorge, Iko Carreira e muitos outros.
As actividades políticas dos estudantes geraram as perseguições da PIDE e o risco de prisão, numa altura em que as actividades contra o regime político se tinham acentuado. Depois, o início da luta armada em Angola despertou muitos entusiasmos, pelo que muitos estudantes se exilaram para se integrarem nos movimentos de libertação. Ficou célebre a fuga para o exílio de cerca de uma centena de estudantes que aconteceu em 2 de Junho de 1961. Em 1965 o governo decidiu encerrar definitivamente a Casa dos Estudantes do Império.
Em 1992, a Câmara Municipal de Lisboa decidiu colocar uma placa encastrada no pavimento da rua, para chamar a atenção para um local por onde passaram muitas figuras da resistência anti-colonial e que vieram a tornar-se os principais dirigentes dos respectivos países.