António Costa, o
primeiro-ministro de Portugal, foi à Roménia visitar os soldados portugueses,
passou pela Polónia e foi a Kiev visitar o presidente Volodymyr Zelensky, como
atesta a primeira página da edição de hoje do Público.
Fez o que está na
moda e fez bem. Portugal não pode voltar aos tempos do “orgulhosamente sós”. Nas
peregrinações a Kiev já se tinha destacado António Guterres, que até ouviu as explosões dos mísseis bem perto de si, mas os inúmeros políticos ocidentais
que têm visitado Zelensky. As opiniões públicas nacionais gostam de ter
políticos valentes, daqueles que não se cortam e, por isso, muitos têm cumprido
essa missão. Agora foi a vez de António Costa. Marcelo já está à espreita…
A visita ao
presidente ucraniano teve vários objectivos, mas o principal terá sido o
interesse pessoal de António Costa em marcar presença no teatro mediático, que
tem sido a apresentação das visitas de políticos europeus a Kiev. Com 60 anos
de idade e com forte prestígio europeu, a fotografia do seu encontro com
Zelensky vai ser-lhe indispensável para viabilizar o seu futuro político
internacional. Para além disso, António Costa foi afirmar a solidariedade e a disponibilidade
portuguesa para se juntar à reconstrução da Ucrânia, tendo já reservado o
sector da reconstrução das escolas e jardins de infância, ao mesmo tempo que
anunciou a concessão de um apoio financeiro de 250 milhões de euros. Nas redes
sociais logo apareceram as críticas – “não há dinheiro para a educação e para a
saúde, mas há dinheiro para a guerra”, ou “nós a rebentar pelas costuras e eles
a fazerem-se de grandes” ou, ainda, “muito gostam os políticos de dar o que não
é deles”.
Hoje sabe-se pelo Kiel Institute for the World Economy que, só no
primeiro mês da invasão, a Ucrânia recebeu 13 mil milhões de euros de ajuda
humanitária, militar e apoio financeiro. Seguiram-se anúncios de muitos e
muitos milhões. Os últimos foram anunciados pelos Estados Unidos e cifram-se em
40 mil milhões de dólares. Quando o Kiel Institute for the World Economy nos
anunciar os montantes dos apoios até agora concedidos à Ucrânia vamos ficar
estarrecidos, até porque muito desse dinheiro não irá chegar ao seu destino,
nem aos seus destinatários.