domingo, 22 de maio de 2022

Os imensos milhões para apoio à Ucrânia

António Costa, o primeiro-ministro de Portugal, foi à Roménia visitar os soldados portugueses, passou pela Polónia e foi a Kiev visitar o presidente Volodymyr Zelensky, como atesta a primeira página da edição de hoje do Público.
Fez o que está na moda e fez bem. Portugal não pode voltar aos tempos do “orgulhosamente sós”. Nas peregrinações a Kiev já se tinha destacado António Guterres, que até ouviu as explosões dos mísseis bem perto de si, mas os inúmeros políticos ocidentais que têm visitado Zelensky. As opiniões públicas nacionais gostam de ter políticos valentes, daqueles que não se cortam e, por isso, muitos têm cumprido essa missão. Agora foi a vez de António Costa. Marcelo já está à espreita…
A visita ao presidente ucraniano teve vários objectivos, mas o principal terá sido o interesse pessoal de António Costa em marcar presença no teatro mediático, que tem sido a apresentação das visitas de políticos europeus a Kiev. Com 60 anos de idade e com forte prestígio europeu, a fotografia do seu encontro com Zelensky vai ser-lhe indispensável para viabilizar o seu futuro político internacional. Para além disso, António Costa foi afirmar a solidariedade e a disponibilidade portuguesa para se juntar à reconstrução da Ucrânia, tendo já reservado o sector da reconstrução das escolas e jardins de infância, ao mesmo tempo que anunciou a concessão de um apoio financeiro de 250 milhões de euros. Nas redes sociais logo apareceram as críticas – “não há dinheiro para a educação e para a saúde, mas há dinheiro para a guerra”, ou “nós a rebentar pelas costuras e eles a fazerem-se de grandes” ou, ainda, “muito gostam os políticos de dar o que não é deles”. 
Hoje sabe-se pelo Kiel Institute for the World Economy que, só no primeiro mês da invasão, a Ucrânia recebeu 13 mil milhões de euros de ajuda humanitária, militar e apoio financeiro. Seguiram-se anúncios de muitos e muitos milhões. Os últimos foram anunciados pelos Estados Unidos e cifram-se em 40 mil milhões de dólares. Quando o Kiel Institute for the World Economy nos anunciar os montantes dos apoios até agora concedidos à Ucrânia vamos ficar estarrecidos, até porque muito desse dinheiro não irá chegar ao seu destino, nem aos seus destinatários.