O
jornal moçambicano O País destaca na primeira página da sua edição de hoje a
inauguração na cidade de Maputo da nova sede do BCI – Banco Comercial e de
Investimento que, segundo parece, tem uma forte componente portuguesa no seu
capital social. Perante a fotografia de um tão moderno edifício, percorre-nos
uma grande satisfação, em primeiro lugar pela sua estética que muito valoriza o
património arquitectónico da cidade e, depois, pelo seu simbolismo em relação a
um instrumento essencial para o financiamento da economia e para o progresso
social dos moçambicanos.
Porém,
a tradição já não é o que era. Nos últimos anos habituamo-nos a ver que, em
questões de banca e de banqueiros, o que parece nem sempre é. A banca serviu demasiadas vezes para acolher práticas abusivas e gananciosas, ilegalidades e favorecimentos e, naturalmente, para acolher indivíduos sem escrúpulos e com avidez pelo dinheiro. Muitos continuam por onde sempre andaram, a fazer o que sempre fizeram. Quando vemos os
nomes dos dirigentes do BCI, alguns deles portugueses e com fortes ligações a
situações catastróficas ainda por esclarecer, não se pode ficar descansado. Por
isso, não pode ser a inauguração de um edifício moderno e que tanto vai valorizar a
cidade de Maputo que nos deve deslumbrar, porque em questões de banca andamos
todos muito desconfiados.
No entanto, há que confiar que foram aprendidas as lições do passado recente um pouco por toda a parte e que este
banco, agora vestido de nova roupa, virá a ser um instrumento de progresso para
os moçambicanos. Ponto.