Durante anos a fio, habituamo-nos a considerar a banca e o sistema financeiro ingleses como verdadeiros referenciais de seriedade e credibilidade, que todo o mundo respeitava. Os homens e as instituições da City eram um farol orientador do sistema bancário e da finança à escala global. Porém, nos últimos anos as coisas evoluíram e, para além de ter sido contagiada pela gananciosa banca americana, a banca inglesa entrou numa crise endógena, muitas vezes associada a práticas fraudulentas. O resultado foi desastroso e o Estado decidiu capitalizar alguns bancos para suster a crise, mas sucedem-se os escândalos e as trafulhices com contornos criminais.
A propósito do escândalo do Barclays Bank e da manipulação das taxas de juro dos empréstimos interbancários, o jornal The Independent de 3 de Julho titulava: “Will we see City bankers behind bars?”. Alguns dias depois foi a revista The Economist que, a propósito do mesmo assunto, utilizou na sua primeira página a palavra “Banksters”. Hoje é o Daily Mail que, lembrando que o HSBC é o maior banco britânico e mundial, noticia em primeira página: “HSBC let drug gangs launder billions”. A revista Time também hoje titula que “Barclays is just the beginning”. As coisas coincidem num ponto: a fraude e a desonestidade tomaram a banca inglesa de assalto e são altamente responsáveis pela crise financeira mundial. No entanto, tanto quanto parece, as autoridades inglesas decidiram actuar. Aqui, no rectângulo, temos tido problemas bancários de diversa natureza, que terão sido muito graves, sobretudo no BPN. A inacção do BdP e da sua governação ajudou ao escandaloso descalabro que já nos custou alguns milhares de milhões de euros. E o que aconteceu? Nada! Ninguém foi responsabilizado e, pelo contrário, muita dessa gente foi premiada, com reformas milionárias ou com lugares no BCE, na CGD, no Estado e sabemos lá onde mais. Uma vergonha!