Ontem, em Moscovo,
o presidente Vladimir Putin fez o discurso do estado da nação perante
deputados, senadores e outros dignitários russos, tendo anunciado o reforço da
sua capacidade militar, a posse de novas armas sem paralelo no mundo e
proclamado a actual superioridade militar da Rússia. A imprensa mundial de
referência destacou hoje esse discurso e, diversos jornais internacionais,
como por exemplo o espanhol El País, ilustraram a notícia com a
mesma fotografia em que a imagem de Putin projectada no fundo da sala aparece
sobreposta à assistência. A fotografia tem algum simbolismo a lembrar um poder
semelhante ao antigo poder dos czares, porque Vladimir Putin tem dominado a
política russa desde o ano de 2000 e tem conseguido reerguer o prestígio
internacional da Rússia, depois da humilhação que se seguiu à queda da União
Soviética. Com 65 anos de idade, Putin espera não só conseguir pela quarta vez
mais um mandato de seis anos nas eleições de 18 de Março como espera, também, reforçar o seu poder pessoal ao prometer um futuro radioso para a Rússia. Durante o seu discurso, foram passados seis
vídeos sobre as novas armas russas, incluindo uma nova geração de armas
nucleares, um míssil de cruzeiro classificado como invencível e um torpedo
nuclear que, segundo foi afirmado, pode vencer todas as defesas americanas. Para alguns observadores,
o discurso de Putin teve por objectivo a agitação das paixões nacionalistas
russas neste tempo pré-eleitoral, mas para outros significou um certo regresso
ao passado e ao neo-keynesianismo militar do tempo da guerra fria, em que
russos e americanos disputaram entre si a posse de mais e melhores aviões,
fragatas, submarinos, tanques, mísseis, bombas, torpedos e ogivas nucleares.
Trump e Putin
parece terem reentrado nessa antiga disputa, o que é bem preocupante.