Foi recentemente divulgado o relatório de uma auditoria ao “Sistema remuneratório dos gestores hospitalares e aos princípios e boas práticas de governação dos Hospitais, EPE”, relativa ao ano de 2009 e que foi concluído pelo Tribunal de Contas em Julho de 2011.
São 318 páginas que explicam, analisam e comentam o sistema remuneratório dos 198 administradores de 39 hospitais públicos portugueses, mas cuja leitura começa por nos deixar a estranha sensação de que muitos estabelecimentos hospitalares parecem existir para servir administradores e clínicos. Assim, verifiquei que em 2009 esses administradores receberam mais de 14 milhões de euros, isto é, mais 19% do que no ano anterior, quando a crise já apertava.
Pensei que também iria encontrar algumas estatísticas dos resultados relativos à eficiência das administrações hospitalares em termos de cirurgias, exames, internamentos, consumo de medicamentos ou listas de espera, mas encontrei os preços de aquisição das viaturas de serviço dos administradores, as suas despesas com telemóveis, com combustíveis e com a chamada representação por inerência de funções, entre outras. Mas encontrei, também, tal como o Jornal de Notícias encontrou, que a remuneração individual total anual de um médico do Centro Hospitalar do Barlavento Algarvio, EPE, em regime de dedicação exclusiva de 42 horas semanais, nos custou 796 mil euros em 2008 e 745 mil euros em 2009.
Um verdadeiro marajá em Portimão! Parece ser o caso mais notório de um obsceno aproveitamento dos meus impostos, embora se saiba que há muitos casos semelhantes no continente e nas ilhas.
Assim não há impostos que cheguem para sanear as nossas contas da saúde.
O Campos tentou acabar com isto, mas foi posto na rua.
Será que o Macedo vai conseguir?