quarta-feira, 12 de abril de 2023

A ambição e a nova era dos porta-aviões

O jornal turco Daily Sabah anunciou na sua edição de ontem a entrada ao serviço do novo TCG Anadolu (L-400), afirmando ser o primeiro porta-drones, ou um navio com uma plataforma de voo destinada a aeronaves não tripuladas. Na cerimónia da entrega deste novo navio-chefe da Marinha Turca, o presidente Recep Tayyip Erdoğan afirmou que o Anadolu é um símbolo do "século da Turquia”, salientou que o seu país é um dos poucos países do mundo que fabrica os seus próprios navios de guerra e não escondeu a sua ambição para tornar a Turquia numa potência regional. Erdoğan classificou como "histórico" o facto de nos últimos vinte anos, a dependência externa do sector da defesa turca ter caído de 80 para 20%, o que mostra a evolução e a ambição turcas. 
A Turquia começou oficialmente a construir este seu primeiro navio dispondo de plataforma para aterragem de aéreos em 2016, quando Erdoğan já anunciava a sua intenção de fabricar um porta-aviões movido a energia nuclear. Ainda não é esse navio com que sonhou, mas aproxima-se. O TCG Anadolu foi construído nos estaleiros de Istambul através de um consórcio com a construtora espanhola Navantia e utilizou os planos e as tecnologias do navio de assalto anfíbio multiusos e porta-aviões Juan Carlos I (L-61).
Na semana passada o jornal francês Le Parisien destacou como tema de primeira página o “nouveau porte-avions” francês que terá propulsão nuclear, afirmando que “ce bateau sera une cathédrale de technologie”, que custará dez mil milhões de euros e estará pronto em finais de 2025.
Já não bastavam a Ucrânia e Taiwan para nos preocuparmos. O paradigma de Samuelson - canhões ou manteiga - parece estar a virar-se para os canhões, pois há alguns países a fazer musculação e a equipar-se com porta-aviões.