Chegou a vez da Espanha reconhecer a sua insustentável situação financeira, ao anunciar que pediu a ajuda europeia para refinanciar o seu sistema bancário e a confirmar que a crise que atravessamos é global. Embora tenha sido insistentemente declarado que não se trata de um resgate, serão canalizados cem mil milhões de euros só para a banca, ficando de fora o apoio à economia, às cajas de ahorro e o combate ao desemprego e aos défices central e das regiões autónomas. Comparando com as outras intervenções em curso, o montante anunciado do crédito ou do resgate, parece ser insuficiente. A Espanha é o quarto país da zona euro a solicitar a ajuda financeira externa, após a Grécia (Maio de 2010), a Irlanda (Novembro de 2010) e Portugal (Abril de 2012). Todos recusaram até ao limite pedir esse apoio pelo seu significado humilhante. No caso da orgulhosa Espanha, tem sido dito que é uma situação diferente da Grécia e de Portugal, estando a doença circunscrita ao seu sistema financeiro, mas isso não corresponde à verdade, porque a economia espanhola está tão debilitada quanto a portuguesa e padece dos mesmos sintomas de recessão e desemprego. Esta situação confirma que a crise do euro deixou de ser uma doença dos pequenos países periféricos e que chegou definitivamente às grandes economias. Ninguém está a salvo ou, como ontem referia The Economist, estamos todos no mesmo barco, sentindo-se que a Itália pode ser o próximo alvo dos credores. O famoso economista Nouriel Roubini escreveu que "desta vez a Europa está mesmo à beira do precipício", enquanto o Nobel da Economia Joseph Stiglitz, considerou que o resgate financeiro a Espanha “não funcionará e pode criar uma ‘economia vudu’ com o Estado a resgatar os bancos e estes a resgatar o Estado”. A crise é cada vez mais global, como se sabe, mas aqui está muito associada ao que se passa com nuestros hermanos. Haja confiança. Porém, humildemente, eu pergunto se aquilo que há um ano os catrogas, os nogeiras e os moedas nos disseram sobre a nossa situação - que era apenas um caso de gorduras do Estado e de excesso de institutos - foi um caso de má fé, um sinal de grande incompetência ou, apenas, uma sofisticada forma de assalto ao poder.