Ontem deixei aqui um texto intitulado “Ainda a fraude BPN” e, curiosamente, o tema foi hoje chamado à primeira página do Correio da Manhã a propósito dos cortes remuneratórios que estão a ser feitos aos pensionistas e que tanto estão a contribuir para a espiral recessiva e o consequente empobrecimento em que estão a mergulhar o nosso país.
Segundo o jornal, o antigo ministro Miguel Cadilhe não é afectado por esses cortes, apenas porque é um reformado especial. De facto, quando Cadilhe substituiu Oliveira e Costa na presidência do BPN, para além de um salário bruto anual de 700 mil euros, assegurou um PPR de mais de dez milhões de euros, que foi pago de imediato na sua totalidade e que, por sua exigência, foram confiados à seguradora Zurich. O homem fez-se pagar bem e, afinal, em vez de ir cuidar do BPN tratou antes de cuidar de si próprio.
Não burlou nem defraudou, apenas cadilhou. Oliveira e Costa declarou então que, em poucos meses, Cadilhe ganhara duas vezes e meia mais do que ele próprio ganhara em dez anos.
Afinal, o BPN não serviu apenas para facilitar fraudes, roubos, falcatruas e evasão fiscal, para branquear capitais, conceder crédito sem garantias e fazer pagamentos clandestinos a dezenas de administradores e colaboradores, mas serviu também para ajudar muita gente. Miguel Cadilhe foi um deles. O Correio da Manhã andou bem ao relembrar esta história.