sexta-feira, 7 de junho de 2019

Uma nova fase no processo da Catalunha

O procés catalão, nome por que foram designadas as várias frentes de luta pela independência da Catalunha acontecidas no Outono de 2017, teve agora um novo desenvolvimento com a tomada de posição da Fiscalia, nome que é utilizado para designar o Ministério Fiscal ou Ministério Público de Espanha. A Fiscalia é um órgão constitucional do poder judicial que intervém na defesa da legalidade, dos direitos dos cidadãos e do interesse público e que, depois de vários meses de apreciação do caso catalão, não só ratificou a acusação de rebelião que foi feita contra os dirigentes independentistas catalães, como também veio considerar que os acontecimentos da Catalunha configuraram uma tentativa de golpe de estado violento, ao visar a suspensão total ou parcial da Constituição de Espanha e a declaração de independência de uma parte do território nacional.
O jornal La Razón apresenta na sua primeira página as fotografias dos principais acusados e, segundo a Fiscalia, el procés foi uma estratégia para fracturar a ordem constitucional espanhola e o que sucedeu foi um golpe de estado. Na extensa declaração da Fiscalia reproduzida pela imprensa espanhola destaca-se a acusação de que os Mossos ou polícia catalã, se limitaram a simular o cumprimento dos seus deveres, mas que facilitaram todo o procés. Relativamente aos responsáveis políticos, a acusação dirige-se sobretudo contra Oriol Junqueras, o presidente da ERC (Esquerda Republicana da Catalunha), que foi considerado o “motor principal” da rebelião e contra Carles Puigdemont, então presidente da Generalitat da Catalunha e membro do PDeCAT (Partido Democrata Europeu Catalão), actualmente “fugido à Justiça” na Bélgica.
Os responsáveis, segundo a Fiscalia, devem ser condenados, não pelas suas ideias independentistas mas pela rebelião que, objectivamente, comandaram. Está aberto, portanto, um novo capítulo na luta pela independência da Catalunha.

Goa é um sítio em grande transformação

Após alguns dias de permanência em Goa já regressei a Lisboa, com a minha arca de emoções bem mais atulhada do que a minha bagagem, que quase só trazia livros.
Goa continua a ser atraente para o visitante e, em especial, para os portugueses, porque por lá encontram múltiplas referências a uma herança cultural que, naturalmente, teve muitos aspectos positivos, mas também alguns negativos. Embora seja um tema ainda polémico por razões políticas diversas, umas mais antigas e outras mais recentes, há sinais que apontam para a recuperação e conservação do rico património arquitectónico civil, religioso e militar goês, sobretudo na área arqueológica da sua antiga capital, hoje conhecida por Velha Goa. Além disso, o estado de Goa continua a ter uma vida cultural intensa, quer de raiz erudita, quer de base popular, nomeadamente em Pangim e Margão, com uma dinâmica actividade editorial e a publicação de muitos livros, a realização de concertos e festivais, bem como a apresentação de muitas exposições e muitos espectáculos do seu apreciado tiatr.
Porém, o território de Goa também está a passar por um processo de transformação nas suas infraestruturas rodoviárias, com novas pontes e vias rápidas que, estando em construção, perturbam naturalmente a vida quotidiana e tendem a alterar a rotina da vida goesa. Por outro lado, a intensidade do tráfego rodoviário acentuou-se e, apesar de uma constante publicitação das boas práticas ambientais, em que predominam as palavras clean e green, os resultados ainda não são satisfatórios.
Impulsionado pelo turismo interno e internacional, há um acentuado dinamismo empresarial em todos os sectores de actividade, nomeadamente na construção e nas actividades turísticas. Portanto, Goa está em transformação e a passar por uma onda de acentuado progresso. Só o futuro dirá se essa transformação conseguirá realizar-se sem afectar o equilíbrio social e a diversidade cultural do território, mas também se será possível manter a herança e a memória cultural portuguesa. Espero voltar para ver.