domingo, 2 de abril de 2023

A China, os aliados e os amigos do futuro

Desde que há pouco mais de uma semana os presidentes da China e da Rússia se encontraram em Moscovo, que a China e as suas relações com os Estados Unidos têm estado em destaque na imprensa internacional. Aquele encontro veio dar uma reforçada ambição à China, bem como aos seus desígnios relativamente ao regresso à mãe-pátria de Taiwan, a sua província rebelde desde 1950, mas até mesmo em relação à disputa ou ao desafio chinês da hegemonia mundial americana.
Depois do seu encontro com Putin, o presidente Xi Jinping recebeu em Pequim o primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez, o primeiro-ministro da Malásia Datuk Seri Anwar Ibrahim e o primeiro-ministro de Singapura Lee Hsien Loong, tendo o jornal China Daily destacado estas três visitas com três fotografias de Xi Jinping com os três visitantes, tendo destacado como título da notícia que nestas visitas, “o multilateralismo esteve em destaque”. De facto, como António Guterres tem repetidamente anunciado, o multilateralismo ou o trabalho em cooperação sobre temas concretos, é o único caminho para combater as alterações climáticas, a pobreza, a injustiça e as desigualdades, mas também para o reforço da cooperação económica. Os encontros de Xi Jinping têm sido tudo isso, mas serão sobretudo uma forma de estabelecer alianças e de incrementar relações de toda a ordem, porque o futuro parece estar a ficar muito sombrio e a China aspira a um novo papel no mundo.
Daí que a declaração feita no passado mês de Janeiro pelo general Michael Minihan da Força Aérea americana, em que afirmou que “espero estar enganado, mas o meu instinto é que vamos lutar em 2025”, tenha um preocupante significado, pois há vários indícios de que se “contam espingardas” no Pacífico ocidental e, tal como num jogo de xadrez, a China parece ir colocando as suas peças no enorme tabuleiro que é o nosso planeta.