O
futebolista Cristiano Ronaldo jogou ontem pelo Real Madrid contra o Bayern de
Munique no jogo da segunda mão do apuramento para as meias-finais da Liga dos
Campeões e marcou três golos. Na semana passada Ronaldo tinha marcado dois
golos à mesma equipa e, portanto, o Bayern e o seu famoso guarda-redes
encaixaram cinco golos marcados por Ronaldo. É obra. O orgulho alemão tem, certamente,
muita dificuldade para digerir a humilhação a que foi sujeito por um
futebolista madeirense. Na passada semana ele já tinha cometido a proeza de chegar aos 100
golos nas provas europeias, mas ontem tornou-se o primeiro futebolista a
alcançar 100 golos na Liga dos Campeões. Um jornal que destaca a proeza de
Cristiano Ronaldo vai ao pormenor de nos revelar que desses 100 golos na Liga dos
Campeões, houve 69 obtidos com o pé direito, 14 com o pé esquerdo e 17 com a
cabeça... Tudo medido e conferido ao pormenor.
O
jornal A Bola, que a tribo lusitana do futebol consagrou como a verdadeira "Bíblia", esqueceu por umas horas os calores do Sporting-Benfica
que se aproxima e a necessidade de “vender papel” e, na sua edição de hoje,
homenageia Ronaldo, a quem chama o Mister
Champions, por ser o primeiro futebolista a chegar aos 100 golos na prova.
E fez bem, porque o Ronaldo merece o nosso apreço pelas alegrias
que vai dando aos portugueses.
No
entanto, esta performance ronaldina
que tanto nos entusiasma, não pode ser transposta para outras esferas da nossa
vida colectiva, designadamente para a toponímia da nossa geografia ou das
nossas infraestruturas. É leviandade, é demagogia e é deslumbramento circunstancial. Mesmo com o apoio dos nossos mais representativos políticos. Ao futebol, apenas o que é do futebol.