O Saara Ocidental
é um território litoral atlântico situado a sul de Marrocos, a norte da
Mauritânia, limitado a ocidente pelo oceano Atlântico e a oriente pela Argélia
e pela Mauritânia. É uma região desértica com cerca de 260 mil quilómetros
quadrados de extensão e com cerca de seiscentos mil habitantes, mas que é rica
em recursos naturais, principalmente fosfatos e pescas.
Até 1975 foi uma
colónia espanhola, tendo sido então iniciada a descolonização do seu território
nos termos preconizados pelas Nações Unidas. O Acordo de Madrid assinado pela Espanha,
Marrocos e Mauritânia, estipulava uma administração tripartida do território e em
1976 a Espanha abandonou o território. De imediato, a Frente Polisario (Frente
Popular de Liberación de Saguia el Hamra y Rio de Oro), que já lutara contra o
regime colonial espanhol, declarou a independência da República Árabe Saaraui
Democrática. O Reino de Marrocos reagiu e ocupou militarmente uma grande parte
do território e construiu um muro com mais de 2.740 quilómetros de extensão
para isolar os separatistas saarauis, enquanto a Mauritânia se retirou do
território. A partir de então e com o apoio da Argélia, a Frente Polisário iniciou
uma guerra contra Marrocos e, apesar da desproporção de forças, conseguiu manter
a sua luta até 1991, quando foi conseguido um cessar-fogo. Durante anos o
processo de paz não vingou porque a presença militar marroquina se reforçou, o
que originou muitas manifestações civis do povo saaraui que foram reprimidas
com violência. A Espanha, enquanto potência administrante, sempre exigiu um
referendo para que o povo saaraui escolhesse o seu destino, ao que Marrocos
sempre se opôs, pelo que havia uma persistente tensão entre os governos
espanhol e marroquino.
Agora,
inesperadamente, o governo espanhol mudou de posição e parece aceitar que o
Saara Ocidental venha a fazer parte do Reino de Marrocos, ao acolher uma
proposta de autonomia apresentada pelos marroquinos, como ponto de partida para
a resolução do conflito. Esta posição espanhola que não está de acordo com as
orientações das Nações Unidas, foi criticada pela Argélia e pela China, mas
também pela oposição espanhola que considera esta posição uma “traição
histórica” ao povo saaraui. O jornal El Mundo que se publica em Madrid, diz mesmo que Sánchez "entrega el Sáhara 46 años después".