Por uns tempos,
exactamente por seis meses, vamos deixar de ouvir falar a toda a hora no
Brexit, nos ingleses, na Theresa May e no Jeremy Corbyn.
A confusão que se
tem vivido no Reino Unido já não tem descrição possível, com uns a quererem
sair e outros a não quererem sair da União Europeia, com uns apoiar o acordo
feito com Bruxelas e outros a rejeitar esse acordo e outros, ainda, a não
querer acordo nenhum. O que se tem passado no Reino Unido é uma catástrofe
política pois tornou o país ingovernável, radicalizou posições que dividem a
sociedade e já ninguém sabe se dessa situação poderá ou não resultar algum
contágio para a União Europeia, que tem estado unida neste imbróglio.
O facto é que a
saída do Reino Unido, inicialmente prevista para o dia 29 de Março de 2019, teve
que ser adiada e o Conselho Europeu aceitou esse adiamento por alguns dias.
Porém, como o Parlamento britânico continuou dividido, os líderes europeus retomaram
o assunto e concordaram em adiar a saída do Reino Unido da União Europeia até
ao dia 31 de Outubro. Houve propostas para que esse adiamento fosse por um ano,
mas acabou por ser aprovado um prazo de cerca de seis meses. Esse período foi
considerado suficiente para que os britânicos se entendessem, mas parece ser
curto. No entanto, é evidente que eles estão na altura de fazer eleições, de escolher
um novo Parlamento e um novo primeiro-ministro e, directa ou indirectamente,
saber o que querem os britânicos, isto é, se continuam a querer sair ou se
afinal querem ficar, porque agora estão muito mais esclarecidos e terão que
pensar que a Escócia e a Irlanda do Norte também podem decidir-se pelo abandono
do Reino Unido. O jornal escocês The Herald que se publica em Glasgow
e que é um dos mais antigos jornais do mundo, que tem tendências
independentistas e defende a permanência do Reino Unido na União Europeia,
tratou de mostrar na sua primeira página uma Theresa May de azul e agarrada à
bandeira. A insinuação é bem elucidativa das posições escocesas.