A guerra da Ucrânia ocupa a informação portuguesa desde há
mais de um mês, através da presença de muitos enviados especiais no terreno e
de inúmeros comentadores e comentadoras nos estúdios, cujas notícias, opiniões
e comentários são repetidos demasiadas vezes, como se fizessem parte de um programa
de propaganda organizada.
Apesar disso, hoje sabe-se pouco sobre o que realmente se passa no terreno, embora possamos ver cenários de grande tragédia humana e de grande destruição
patrimonial, que as televisões nos mostram durante horas e horas. O cessar-fogo
já deveria ter acontecido, mas há quem não esteja interessado nele, apesar das
negociações estarem a dar alguns bons passos, segundo tem sido divulgado,
designadamente quanto a uma futura neutralidade ucraniana e à sua não integração
na NATO.
A questão russo-ucraniana tornou-se um problema mundial. Na
Eslováquia, um dos sete países que tem fronteiras com a Ucrânia e que é um pequeno país
que pertence à União Europeia e à NATO, o jornal Denník N que se publica
em Bratislava, deu hoje espaço de primeira página a um curioso cartoon com as
cores ucranianas e com um guarda-chuva que protege o país dos bombardeamentos,
russos ou outros, escrevendo Akú
neutralitu by brali Ukrajinci que, em tradução feita pelo google significa, que neutralidade aceitariam os ucranianos. O cartoon é inteligente e insinua uma
Ucrânia neutral, em que o guarda-chuva da neutralidade protege o país de todas
bombas, venham elas de onde vierem.
Para além da questão da neutralidade ucraniana e da
integração na União Europeia, há as questões mais complexas das autonomias ou das
independências no Donbass, da ocupação russa da Crimeia, do estatuto da cidade
autónoma de Sebastopol, dos acessos ucranianos ao mar Negro e da
compatibilização no mesmo país de duas línguas, duas culturas e duas religiões,
para além das feridas que irão persistir durante muito tempo na sociedade
ucraniana em relação às suas próprias comunidades e à Rússia.
É mesmo um desafio muito difícil, mas não pode deixar de
ser procurada uma rápida solução para a Ucrânia com a ajuda da comunidade
internacional. A neutralidade como tem a Áustria ou a Finlândia pode ser uma solução.