sábado, 2 de abril de 2022

A desejável neutralidade para a Ucrânia

A guerra da Ucrânia ocupa a informação portuguesa desde há mais de um mês, através da presença de muitos enviados especiais no terreno e de inúmeros comentadores e comentadoras nos estúdios, cujas notícias, opiniões e comentários são repetidos demasiadas vezes, como se fizessem parte de um programa de propaganda organizada.
Apesar disso, hoje sabe-se pouco sobre o que realmente se passa no terreno, embora possamos ver cenários de grande tragédia humana e de grande destruição patrimonial, que as televisões nos mostram durante horas e horas. O cessar-fogo já deveria ter acontecido, mas há quem não esteja interessado nele, apesar das negociações estarem a dar alguns bons passos, segundo tem sido divulgado, designadamente quanto a uma futura neutralidade ucraniana e à sua não integração na NATO.
A questão russo-ucraniana tornou-se um problema mundial. Na Eslováquia, um dos sete países que tem fronteiras com a Ucrânia e que é um pequeno país que pertence à União Europeia e à NATO, o jornal Denník N que se publica em Bratislava, deu hoje espaço de primeira página a um curioso cartoon com as cores ucranianas e com um guarda-chuva que protege o país dos bombardeamentos, russos ou outros, escrevendo Akú neutralitu by brali Ukrajinci que, em tradução feita pelo google significa, que neutralidade aceitariam os ucranianos. O cartoon é inteligente e insinua uma Ucrânia neutral, em que o guarda-chuva da neutralidade protege o país de todas bombas, venham elas de onde vierem.
Para além da questão da neutralidade ucraniana e da integração na União Europeia, há as questões mais complexas das autonomias ou das independências no Donbass, da ocupação russa da Crimeia, do estatuto da cidade autónoma de Sebastopol, dos acessos ucranianos ao mar Negro e da compatibilização no mesmo país de duas línguas, duas culturas e duas religiões, para além das feridas que irão persistir durante muito tempo na sociedade ucraniana em relação às suas próprias comunidades e à Rússia.
É mesmo um desafio muito difícil, mas não pode deixar de ser procurada uma rápida solução para a Ucrânia com a ajuda da comunidade internacional. A neutralidade como tem a Áustria ou a Finlândia pode ser uma solução.